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"Se pedir ajuda à OAS é crime, me fala qual é a pena", afirma Okamotto

"Provem minha corrupção e irei a pé ser preso", diz Lula

UOL Notícias

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

15/09/2016 17h54

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse nesta quinta-feira (15) que a denúncia do Ministério Público Federal é fruto de “falta de informação ou má-fé”. Ele afirmou não ver erro ou crime em pedir apoio à construtora OAS para o pagamento do armazenamento do acervo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“Realmente pedi [apoio] para a OAS. Se isso é crime, me fala qual é a pena que sou obrigado a cumprir. Sempre falei que fui pedir apoio à OAS”, declarou Okamotto, que foi denunciado na quarta-feira (14) por lavagem de dinheiro.

Ele recebeu a incumbência de cuidar do acervo de Lula no fim do governo do ex-presidente e disse ter buscado alternativas para o armazenamento, como a utilização de espaços no clube de campo do Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC Paulista e em uma universidade, o que se mostrou inviável.

Inicialmente, Okamotto pediu um galpão à OAS, outra opção que não se viabilizou. Grande parte do acervo foi armazenada nas dependências da empresa Granero, com aluguel de R$ 21 mil mensais pago pela construtora, que é investigada pela operação Lava Jato por desvios na Petrobras.

A Granero, segundo o presidente do instituto, pediu que o responsável pelo aluguel tivesse garantias financeiras, o que dificultava o pagamento por uma pessoa física.

“Acho que não [foi erro pedir ajuda à OAS]. Não tinha outro jeito. Como que ia fazer? Quem tinha condições de pessoalmente bancar o pagamento?”, questionou Okamotto.

Relação entre empresas e governo

Ele lembrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também contou com apoios de empresas para montar seu instituto. “Qual empresa no Brasil não tem relação com o governo? Me indique uma empresa que o governo, de uma forma ou de outra, não tem relação”, prosseguiu.

Okamotto declarou que o acervo [de Lula] é composto por cartas e lembranças enviadas ao ex-presidente na época de seu governo (2003-2010) e que o material não enriqueceu o patrimônio do petista. A legislação determina que o acervo é privado, mas de direito público.

“Interpreto [a denúncia] como falta de informação ou má-fé. Eles sabem que esse acervo não tem interesse econômico, tem apenas interesse cultural e histórico”, disse o presidente do Instituto Lula.

Ele também afirmou que há uma tentativa de criminalizar o instituto.

Okamotto deu as declarações depois de acompanhar o pronunciamento de Lula em um hotel do Centro de São Paulo na tarde de hoje.