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Maia defende teto de gastos e chama centrais sindicais de "irresponsáveis"

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito eleito de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB), participam de almoço-debate do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) - Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o prefeito eleito de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB), participam de almoço-debate do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) Imagem: Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo

Guilherme Azevedo

Do UOL, Em São Paulo

24/10/2016 15h49

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez nesta segunda-feira (24), em São Paulo, um discurso duro em defesa da PEC-241 (Proposta de Emenda Constitucional 241), que estabelece um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos, e contra os opositores dela. A proposta, disse Maia, será colocada em votação, em segundo turno, na terça-feira (25).

O deputado citou nominalmente a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e chamou de irresponsáveis e hipócritas aqueles que se opõem à proposta. "Temos de ter a coragem de enfrentar essa irresponsabilidade, essa hipocrisia e esse faz de conta que algumas centrais sindicais fazem. Na verdade, [fazem] com o dinheiro público, o dinheiro de todos nós", criticou, para aplauso dos empresários presentes ao evento, organizado pelo grupo dirigido pelo prefeito eleito de São Paulo, João Doria Júnior (PSDB), também presente.

"Fico muito feliz quando defendo a PEC do teto porque, desde que virei deputado federal [Maia está no quinto mandato consecutivo], é a primeira vez que um governo encaminha uma reforma que não vem em cima do bolso do trabalhador, do bolso da sociedade, criando mais impostos", elogiou. "É a primeira vez um governo diz: 'Chega, vamos equilibrar o governo com os recursos que nós já temos'. E não são muitos."

Para Maia, essa e outras reformas propostas pelo governo Michel Temer (PMDB), incluindo a previdenciária e a trabalhista, "vêm para garantir ao trabalhador um futuro melhor". "Se o Brasil voltar a crescer, é a renda do trabalhador que cresce", defendeu.

O deputado acredita que esse momento da vida institucional brasileira, que chamou de transição, exige "coragem" para enfrentar as questões de que o Brasil precisa. Maia disse que a prioridade agora "é reorganizar o Estado brasileiro", para evitar a sua própria insolvência.

Corrupção

Questionado se os desdobramentos da Operação Lava Jato sobre deputados e senadores poderiam afetar as votações de propostas do governo no Congresso, Maia disse que "essas questões não podem dominar a agenda do país, mas sim as reformas econômicas".
 
O presidente da Câmara também comentou a proposta das 10 medidas contra a corrupção, liderada pelo Ministério Público com o apoio da sociedade civil. Para Maia, no geral, são "propostas positivas", mas que há também, entre elas, "medidas equivocadas". De qualquer forma, prometeu colocá-las em discussão em breve. "Vamos pautar."
 
Mas o deputado disse que há um "debate que o Brasil não fez ainda", que é o de evitar que o desvio de recursos públicos aconteça, e não apenas punir a ponta final, com o crime consumado. E cobrou então melhorias no sistema de controle público, como a Controladoria-Geral da União. "Se o controle estivesse funcionando, não teríamos chegado aonde chegamos", avaliou. 

Crise entre poderes

Depois, em entrevista coletiva, Maia falou da intervenção da Polícia Federal no Legislativo, com as prisões de policiais da Polícia Legislativa, na sexta-feira passada (21). O deputado falou que a operação era "muito complexa" e que estava consultando fontes jurídicas para tomar uma posição sobre o caso. 
 
"Uma coisa é você fazer uma operação contra uma pessoa que desviou, outra coisa é você entrar numa instituição", questionou. "Não sei se [os policiais federais] podem entrar [no Senado]. Tenho muitas dúvidas se a ação da Polícia Legislativa [que agiu em locais privados de senadores da República a fim de encontrar possíveis escutas e grampos e foi considerada ação para obstruir as investigações] estava errada, porque a Constituição preserva o sigilo das informações do parlamentar." 
 
Para o deputado, "no mérito, talvez seja mais polêmica a decisão do que a própria decisão de entrar no Senado Federal. São as informações que eu colhi das fontes que ouvi. E é a opinião que eu tenho sobre esse tema", concluiu.
 
Do "almoço-debate" com Rodrigo Maia, também participaram senadores, como os tucanos paulistas José Aníbal e Aloysio Nunes, e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que chamou Maia de "homem certo, no lugar certo, no tempo exato", para tocar as pautas e os projetos nesse momento de mudança.