Topo

Vice de Doria acha 'difícil' PSDB abrir mão do governo de SP em 2018 por aliança

Militância forte faz Covas (esq.) acreditar que PSDB terá nome para suceder Alckmin - 25.mar.2012 - Junior Lago/UOL
Militância forte faz Covas (esq.) acreditar que PSDB terá nome para suceder Alckmin Imagem: 25.mar.2012 - Junior Lago/UOL

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

11/11/2016 06h00

O deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP), vice-prefeito eleito da capital paulista, diz não acreditar que o PSDB deixará de ter uma candidatura ao governo paulista em troca de uma aliança entre o governador Geraldo Alckmin e o PSB na disputa pela Presidência da República em 2018. “Acho muito difícil você convencer o partido a não ter candidato próprio ao governo do Estado de São Paulo”. Covas é um dos principais nomes do PSDB paulista e assumirá a Secretaria das Prefeituras Regionais na gestão de João Doria.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, vice-presidente nacional do PSB, sugeriu que Márcio França (PSB), atual vice-governador paulista, seja o candidato à sucessão de Alckmin em São Paulo.

“Temos expectativa de o Márcio França ser governador. Ele será candidato. Com o apoio do Alckmin, melhor. Uma das grandes apostas que temos para 2018 é a candidatura do Márcio para também podermos ter, pela primeira vez, o comando do grande Estado que é São Paulo”, disse ao “Estadão Conteúdo” na quinta (10).

Caso Alckmin dispute a Presidência em 2018, a lei eleitoral obrigará o tucano a deixar o cargo de governador até seis meses antes do pleito. Nesse caso, França assumiria o governo paulista.

Questionado pelo UOL em entrevista em outubro sobre a possibilidade de o PSDB apoiar França na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, Covas avaliou que o partido hesitaria apoiar esse cenário. Ele mantém a posição após a declaração de Câmara.

Acho muito difícil essa construção. Você tem, dentro do partido, muita gente preparada, muita gente qualificada, uma militância muito forte, que teria uma dificuldade em aceitar algo como isso

'Plano A é que Alckmin saia candidato pelo PSDB', diz França

UOL Notícias

Décadas no poder

O PSDB comanda o governo paulista desde 1995, quando Mário Covas, avô do futuro vice-prefeito, assumiu seu primeiro mandato. Ele foi reeleito em 1998, mas não concluiu seu segundo mandato. Covas morreu em 2001 e foi sucedido por seu vice, Alckmin, que venceu a eleição em 2002.

Após ser derrotado na disputa pela Presidência em 2006, Alckmin voltou ao Bandeirantes em 2011, eleito no primeiro turno. Em 2014, mais uma vez obteve mais de 50% dos votos válidos na primeira etapa do pleito e foi reeleito. Entre 2007 e 2010, o Estado foi governado por outro tucano: José Serra, atual ministro das Relações Exteriores.

No total, ao fim de 2018, o PSDB terá governado São Paulo por 24 anos seguidos. “A cada quatro anos, a população diz se continua ou não continua [no governo]", diz Covas.

Não é capitania hereditária, não é sorteio, não é por acaso. É a população que tem escolhido e tem, reiteradamente, aprovado o projeto do partido aqui para o Estado de São Paulo

Bruno Covas, que se prepara para trocar a Câmara pela Prefeitura, mostra foto de seu avô em seu escritório em São Paulo - 13.out.2016 - Lucas Lima/UOL - 13.out.2016 - Lucas Lima/UOL
Bruno Covas, que se prepara para trocar a Câmara pela Prefeitura paulistana, mostra quadro com foto de seu avô em seu escritório, na avenida Paulista, em São Paulo
Imagem: 13.out.2016 - Lucas Lima/UOL

Candidatos

Hoje, Alckmin é tido como o principal nome do PSDB para concorrer ao Planalto em 2018, condição que ele disputaria com o senador Aécio Neves (MG) –candidato do partido em 2014-- e Serra --postulante ao cargo em 2002 e 2010. Ele ganhou força após a vitória de Doria em São Paulo no primeiro turno, algo que nunca havia acontecido.

Como é próximo ao PSB, a expectativa é que, se confirmado candidato tucano, Alckmin tenha o apoio de seu aliado na próxima eleição. Um apoio a França no pleito estadual poderia ser uma contrapartida.

A escolha tucana para o Planalto também deve interferir no calendário do PSDB para decidir sobre um candidato a governador. “Essa é uma questão que deve ficar para depois da escolha do candidato a presidente”, disse Covas, favorável a consenso para a escolha do nome tucano, tanto para a Presidência quanto para o governo paulista.

“A melhor solução é você ter um consenso. Não havendo consenso, aí, sim, as prévias são a melhor alternativa. A prévia significa que você não conseguiu, de forma consensual, escolher o candidato”, comenta o deputado, que apoia Alckmin para presidente.

Covas também afirma que o PSDB deve vencer mais uma eleição --a sétima seguida-- para o Palácio dos Bandeirantes. “Se você mostrar o que fez nesses 24 anos e apresentar um programa para os próximos quatro, não vejo por que não [ganhar]. Acho que a gente tem muito a se orgulhar pelas conquistas que a gente fez aqui no Estado. Há uma aprovação muito forte da gestão, que tem tudo para continuar em 2018”.

Avança ou recua? Como fica o xadrez dos presidenciáveis?

UOL Notícias