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Odebrecht pagou R$ 350 mil a antigo braço-direito de Dilma, diz delator

Dorneles ao lado de Dilma em outubro de 2010, na campanha eleitoral daquele ano - Joel Silva/Folhapress
Dorneles ao lado de Dilma em outubro de 2010, na campanha eleitoral daquele ano Imagem: Joel Silva/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/12/2016 13h46Atualizada em 11/12/2016 22h57

O ex-assessor especial de Dilma Rousseff Anderson Braga Dorneles recebeu R$ 350 mil da Odebrecht, como "apoio financeiro", de acordo com a delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da empresa. Os repasses, feitos em sete parcelas de R$ 50 mil, teriam ocorrido entre outubro de 2013 e julho de 2014.

Melo Filho relata que conheceu Dorneles, que teria o codinome "Las Vegas" nas planilhas da Odebrecht, em meados de 2012, durante um encontro com a presença de Marcelo Odebrecht, então presidente da empresa.

"Segundo me foi dito por Marcelo Odebrecht, ele mantinha contato com o sr. Anderson, pois este trabalhava com a sra. Presidente Dilma Rousseff e era responsável pela agenda de trabalho da mesma. Posteriormente à reunião, Marcelo me comunicou que recebeu um pedido de apoio financeiro a Anderson, autorizando que se realizassem pagamentos de R$ 50 mil em seu benefício", diz o delator.

A delação também traz uma troca de e-mails entre Cláudio Melo Filho e Marcelo Odebrecht, de setembro de 2014, onde o primeiro diz que o caso envolvendo Dorneles está "sem ser resolvido nestes últimos dois meses, por meu esquecimento" e pede para que "seja aprovado". Odebrecht responde com um "ok".

Sócio em bar

Dorneles foi assessor de Dilma até fevereiro de 2016, quando foi exonerado do cargo - na época, Dilma ainda era presidente da República. Segundo informações da "Folha de S.Paulo", o assessor desejava sair do governo porque iria se casar, mas também porque o Palácio do Planalto temia que seu nome aparecesse na delação premiada de outros executivos, da empreiteira Andrade Gutierrez.

A suspeita tinha relação com um bar dentro do estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, do qual o gaúcho Dorneles seria sócio junto com o empresário Douglas Fanzoni Rodrigues - preso em março deste ano pela Polícia Federal na 26ª etapa da Operação Lava Jato.

Franzoni, que também trabalhou em cargos comissionados do governo federal, durante o governo Lula, foi detido porque a PF suspeitava que seria ele o "Las Vegas" das planilhas da Odebrecht e teria recebido R$ 50 mil. Segundo a delação de Melo Filho, "Las Vegas" trata-se de Dorneles, não de Franzoni.

Na delação do executivo, existe referência a um Douglas Rodrigues, que esteve na Odebrecht Brasília em três datas ao longo de 2015 para tratar dos "recebimentos acordados com Anderson Dorneles".

Dorneles conheceu Dilma há mais de 20 anos, quando era office-boy da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, segundo a "Folha". O assessor tratava diretamente da agenda da presidente, tendo acesso a seus telefones e atendendo ligações, inclusive de ministros. A presidente se referia a ele como "o menino".

Outro lado

UOL não conseguiu contato com Anderson Dorneles e Douglas Franzoni até a publicação deste texto neste domingo. A assessoria de Dilma Rousseff não respondeu ao contato feito via telefone e mensagem eletrônica.

Às 22h29, foi encaminhada a seguinte nota à redação em nome de Anderson Dornelles: "A respeito das informações divulgadas pela imprensa relativas à delação do Sr. Claudio Mello Filho, as quais fui citado, informo que nunca estive em reunião na sede da Odebrecht, nunca solicitei ou recebi qualquer ajuda financeira, nem tão pouco autorizei terceiro que o fizesse em meu nome. Informo também que, em minhas funções nunca fui responsável pela agenda da ex-Presidente da República Dilma Rousseff." O posicionamento foi incluído às 22h56.