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Denunciado na Lava Jato, Renan diz estar 'tranquilo'

Operações fracionadas teriam levado dinheiro até o senador Renan Calheiros, diz PGR - Alan Marques - 8.dez.2016/ Folhapress
Operações fracionadas teriam levado dinheiro até o senador Renan Calheiros, diz PGR Imagem: Alan Marques - 8.dez.2016/ Folhapress

Felipe Amorim*

Do UOL, em Brasília

12/12/2016 14h23Atualizada em 12/12/2016 20h41

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi denunciado, nesta segunda-feira (12), no âmbito da Operação Lava Jato, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot por recebimento de propina no valor de R$ 800 mil e lavagem de dinheiro mediante doações oficiais da empreiteira Serveng.

A denúncia, oferecida no Inquérito 4216, pede a condenação de Renan Calheiros e do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além da perda das funções públicas. Paulo Twiaschor é acusado de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. O procurador-geral também quer a reparação dos danos materiais no valor mínimo de R$ 800 mil e de R$ 800 mil para "os danos transindividuais [algo que não se pode individualizar] causados", equivalente ao valor da propina.

Em nota, a assessoria de Renan diz que ele "jamais autorizou ou consentiu que o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa falasse em seu nome em qualquer circunstância". "O senador reitera que suas contas eleitorais já foram aprovadas e está tranquilo para esclarecer esse e outros pontos da investigação".
 
O deputado Aníbal Gomes nega existir alguma irregularidade na sua relação com a Serveng. Ele afirma que apenas "antecipou" uma reunião do diretor comercial da empresa Twiaschor com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. "Eu os acompanhei lá no Rio de Janeiro. Fizeram uma apresentação para o Dr. Paulo, que depois decidiu não fechar negócio", disse ao UOL
 
"Eu não fiz absolutamente nada que pudesse gerar essa denúncia", afirma o parlamentar. Segundo ele, a Serveng já tinha contratos com a Petrobras antes de ele ter providenciado esse encontro na estatal. Ele também contesta ter recebido doações oficiais da Serveng. "Nunca me deram doação eleitoral ou via caixa 2. Até porque se eu necessitasse, eles não iriam me dar. Eu não fiz nada por eles."
 
 

O esquema

Segundo a denúncia da PGR, os parlamentares teriam oferecido apoio político para manutenção de Paulo Roberto Costa no cargo de diretor de abastecimento da Petrobras --Costa, por sua vez, teria beneficiado a Serveng em licitações na Petrobras.

O interesse da empreiteira era participar de licitações de maiores valores, o que foi viabilizado a partir do começo de 2010. A denúncia informa que esses valores seguiram do Diretório Nacional do PMDB para o Comitê Financeiro do PMDB/AL e deste para Renan Calheiros, mediante diversas operações fracionadas, como estratégia de lavagem de dinheiro.

O apoio do PMDB para a manutenção de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento, incluindo o do senador Renan Calheiros, foi confirmado em colaboração premiada por Alberto Youssef, Fernando Falcão Soares e Delcídio do Amaral.

A denúncia também inclui diversos elementos de prova, como registros de entradas na Petrobras e quebras de sigilo bancário. Segundo as investigações, o diretor comercial da Serveng Paulo Twiaschor, também denunciado, fez as doações ao Diretório Nacional do PMDB: R$ 500 mil em 18 de agosto de 2010 e R$ 300 mil em 24 de setembro de 2010.

*Colaborou Nathan Lopes, em São Paulo

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