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Temer recebe prêmio em SP e diz que delitos devem "vir à luz"

Antes da premiação, Temer enviou carta a Janot sobre delação

Band Notí­cias

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

12/12/2016 22h41Atualizada em 13/12/2016 11h28

Ao receber na noite desta segunda-feira (12) o prêmio "Líder do Brasil" em São Paulo, o presidente Michel Temer disse que o país precisa "de união". Sem citar as delações de executivos da Odebrecht, Temer disse que "se houver delitos, mal feitos, que venham todos à luz de uma única vez. Eu mencionei hoje ao procurador isso. O Brasil não pode aquietar-se em face daquilo que foi mal produzido, mas não pode paralisar suas atividades".

O presidente disse que seu governo está tendo a coragem de "enfrentar temas dificílimos", como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto de gastos e a reforma da Previdência, durante o "momento conturbado" do país.

Em discurso após receber o prêmio Líder do Brasil, Temer disse que é necessária "muita coragem para fazer coisas aparentemente impopulares, mas que gerarão popularidade" mais adiante em seu governo. "Eu gostaria de poder gastar enormemente. Mas nós precisamos repaginar o país", declarou o presidente.

Ao fim do discurso, Temer foi enfático ao afirmar que seu governo vai "passar os dois anos" e "colocar o Brasil nos trilhos".                      

Homens fortes do PMDB,  partido do presidente, e que fazem parte do governo, como os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, também foram citados na delação. Coincidência ou não, os ministros que ladearam Temer no evento são de outros partidos: Henrique Meirelles (Fazenda, PSD), Mendonça Filho (Educação, DEM), Bruno Araújo (PSDB, Cidades) e Alexandre de Moraes (Justiça).

Antes do discurso do presidente, Alckmin disse ser "uma alegria" ter Temer de volta ao Palácio dos Bandeirantes, lembrando o período de Temer como procurador-geral do Estado de São Paulo. Já o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), diante de uma plateia repleta de representantes das maiores empresas do Brasil, afirmou que o país "precisa de um pacto de confiança, esperança e união".

Mais cedo, em carta enviada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente afirmou que o vazamento de delações premiadas tem causado "interferência" na condução de ações do governo e pediu rapidez na conclusão das investigações, assim como na homologação e divulgação do inteiro conteúdo das colaborações premiadas.

Elogios de Abílio

O empresário Abilio Diniz, também presente no evento, defendeu que o setor privado deve apoiar as reformas promovidas pelo governo Temer e afirmou que questões que hoje tramitam na Justiça "não podem paralisar o Brasil". Durante evento da premiação Líderes do Brasil, promovido pelo Grupo Lide na noite desta segunda-feira, Diniz argumentou que há questões que devem ser "encaminhadas e julgadas pela Justiça".

O empresário recebeu uma homenagem especial durante o evento. Diniz afirmou que o governo trouxe a "esperança" de volta, mas acrescentou que a "confiança está abalada". Sem fazer menção direta ao vazamento da delação premiada de ex-diretor da Odebrecht, Diniz afirmou que Temer "deve ser avaliado lá na frente pelo que fez como presidente".

Temer citado por delator 

O nome de Temer foi citado 43 vezes no acordo de delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht. O documento vazou para a imprensa na última sexta-feira (12).

De acordo com Melo Filho, Temer atuava de forma "indireta" na arrecadação financeira do PMDB, mas chegou a pedir R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht para a campanha eleitoral, em maio de 2014, em um jantar no Palácio Jaburu, residência oficial da vice-presidência.

Segundo o delator, parte do dinheiro foi entregue no escritório de advocacia de José Yunes, atual assessor especial da Presidência da República.  
        
Em nota, Temer negou as acusações. "O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho. As doações feitas pela construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Não houve caixa 2, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", diz o comunicado.

Prêmio

Em sua 6ª edição, o prêmio Líderes do Brasil, promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), reuniu na noite de hoje dezenas de políticos e empresários em uma cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes --sede do governo estadual--, na zona sul da capital paulista.

Além de Temer, participaram da solenidade os ministros Alexandre de Moraes (Justiça e Cidadania), Henrique Meirelles (Fazenda), Mendonça Filho (Educação), Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Bruno Araújo (Cidades).

Também estiveram no evento o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito eleito, João Doria (PSDB), criador e presidente licenciado do Grupo Doria, do qual o Lide faz parte.