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Suplicy diz que tentará convencer vereadores do PT a desistirem de aumento

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) foi o candidato mais votado para vereador em São Paulo, com 301,4 mil votos - Lucas Lima/UOL
O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) foi o candidato mais votado para vereador em São Paulo, com 301,4 mil votos Imagem: Lucas Lima/UOL

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

26/12/2016 19h34

Vereador mais votado na eleição paulistana, com 301.446 votos, e um dos principais nomes da oposição ao futuro prefeito João Dória (PSDB), na Câmara, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) vai tentar convencer membro a membro da nova bancada a desistir do aumento nos salários dos parlamentares no próximo domingo (1º) – data da posse da próxima legislatura e de reunião dos petistas. Até lá, porém, a própria Justiça paulista já se encarregou de suspender o reajuste por meio de uma liminar.

“Na reunião de bancada eu quero sugerir que temos de considerar a repercussão desse tipo de medida [a decisão em plenário pelo reajuste]. Como representantes do povo, é importante, afinal, que estejamos atentos ao sentimento da população –especialmente nós, do PT, mas acredito que todos os partidos. É importante que ouçamos a população sobre cada uma das decisões tomadas no plenário da Câmara, ainda mais algo que se decidiu de uma maneira tão rápida”, avaliou Suplicy, em entrevista ao UOL nesta segunda (26).

Com o reajuste aprovado em meio à crise econômica e a 11 dias do fim da legislatura empossada em 2013 – a lei municipal estabelece que alteração do tipo só é permitida ao fim do mandato –, os vereadores passariam a receber, no lugar dos atuais R$ 15.031,76, um salário de R$ 18.991,68 a partir de 2017, aumento de 26,3%.

Dos 55 vereadores, 30 votaram a favor do reajustem, e 11, contra. Só na bancada do PT, foram nove votos e uma ausência.

Suplicy tentou, mas admitiu que não conseguiu falar com o presidente da Câmara e seu colega de PT, Antonio Donato, sobre rever o posicionamento da bancada. Donato votou a favor do aumento.

“Tentei ligar para ele algumas vezes, mas não consegui, dava caixa postal. Mas vou tentar falar ainda e conversar em profundidade com cada membro da bancada sobre essa avaliação que tenho feito”, disse.

O vereador mais votado relatou que tem recebido cobranças de eleitores indignados com a aprovação do reajuste, mesmo sendo contra a medida.

“Recebi e-mails de gente me cobrando, protestando, como se eu mesmo tivesse votado”, mencionou. Indagado se a posição do PT o constrangeu, o ex-senador evitou polemizar: “Acho que, se pudermos tomar uma decisão sobre isso, deve ser a de reconsiderar esse reajuste --ao invés de entrarmos com recurso perante a Justiça, que já decidiu liminarmente contra”, concluiu.

Câmara defende legalidade de reajuste

Em nota divulada nesta tarde, a Procuradoria Jurídica da Câmara de Vereadores defendeu a legalidade do reajuste aprovado em plenário e informou que aguarda ser notificada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo sobre a decisão liminar, publicada nesse domingo (25) à tarde.

A assessoria de imprensa do TJ-SP infirmou que oficiais de Justiça tentaram notificar hoje representantes do poder legislativo, mas sem sucesso – a Casa está em recesso até o próximo dia 2, quando deve ser feita, segundo o Tribunal, nova tentativa.

Cotado para presidir a Casa, a partir de 2017, o vereador Milton Leite (DEM) considerou "equivocada" a decisão judicial desse domingo.