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Doria toma posse em SP e diz que é preciso respeitar o Legislativo e o Judiciário

doria e suplicy - Nelson Antoine/Framephoto/Estadão Conteúdo - Nelson Antoine/Framephoto/Estadão Conteúdo
Doria (à esq.) e Suplicy durante cerimônia de posse em SP
Imagem: Nelson Antoine/Framephoto/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

01/01/2017 16h35Atualizada em 01/01/2017 19h31

Em meio a um impasse entre vereadores de São Paulo e a Justiça por conta do aumento de salário, o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), tomou posse neste domingo (1º) dizendo que é preciso respeitar o Legislativo e o Judiciário.

No dia 25 de dezembro, a Justiça paulista suspendeu, em decisão liminar (provisória), o aumento dos salários dos vereadores da capital. Dias antes, os vereadores haviam reajustado seus salários em 26,3%, de R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68, a partir de 2017.

"Respeito ao Poder Judiciário, em todas as suas etapas e todos os seus níveis. Respeitar o Judiciário e respeitar o Poder Legislativo é respeitar a democracia, a essência e o valor da democracia em nosso país", declarou Doria em seu discurso de posse.

A sessão de posse na Câmara, que começou com 28 minutos de atraso --contrariando um protocolo de pontualidade usualmente defendido pelo tucano --, foi presidida pelo vereador eleito mais velho, Eduardo Suplicy (PT), também o mais votado na eleição passada.

Dirigindo-se ao prefeito, Suplicy pediu que o reajuste dos salários dos vereadores seja revisto pelos líderes e seus pares. O petista lembrou que o próprio Doria optou por não reajustar salários de prefeito, vice e secretários como forma de poupar os cofres municipais em época de crise econômica.

Mais cedo, Suplicy se reuniu com a própria bancada para discutir o assunto, mas não houve um consenso. O petista defende que a mesa da Câmara não recorra da liminar judicial --decisão que caberá ao futuro presidente da Casa.

Doria diz que irá a Câmara todos os meses

O tucano fez um discurso breve no qual afirmou que despachará na Câmara uma vez por mês, a partir de janeiro, conforme defendera em campanha, e lembrou que abrirá os trabalhos na cidade "vestido de gari", amanhã, "antes de o sol raiar".

"[Defendo o] Respeito à cidade que representa o país, que espelha o país. A cidade não é dos paulistanos ou dos paulistas, mas dos brasileiros", afirmou o tucano, que defendeu uma "etapa de humildade".

"Amanhã de manhã todos estaremos 6h vestidos de garis. Sim, uma demonstração de humildade, igualdade e capacidade de trabalho", disse, referindo-se à varrição simbólica da praça 14 Bis, no centro da cidade.

Além do prefeito e do vice, secretários e chefes de autarquia foram convocados para a empreitada vestidos como garis.

No discurso de dez tópicos -- acompanhado à mesa pelo presidente da Assembleia Legislativa e colega de partido, Fernando Capez --, Doria voltou a enfatizar que será "um gestor", não um político, no comando do Executivo.

"É o respeito à gestão, fomos eleitos defendendo gestão", disse, para concluir: "No Executivo serei o administrador da cidade."

A uma Câmara cuja composição será majoritariamente de apoio ao novo prefeito, Doria ainda falou em "diálogo" como marca do que perecendo imprimir à própria gestão.

Ele não fez críticas ou elogios ao antecessor, Fernando Haddad (PT), nem ao partido do ex-prefeito, o PT, sigla à qual não poupou críticas nos meses que a antecederam e mesmo durante a eleição. Hoje, o tom foi outro.

"É respeito ao diálogo --à capacidade de estarmos abertos ao diálogo, não importa se contrários ou não à nossa ideologia ou à nossa índole, porque o diálogo é o princípio de valor humano e democrático", definiu.