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Doria vai multar secretários atrasados para eventos em R$ 200

A secretária de Assistência Social, Soninha Francine, e o prefeito João Dória; ela chegou atrasada, na última segunda (2), à primeira agenda oficial do prefeito com o secretariado - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A secretária de Assistência Social, Soninha Francine, e o prefeito João Dória; ela chegou atrasada, na última segunda (2), à primeira agenda oficial do prefeito com o secretariado Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

04/01/2017 11h20Atualizada em 04/01/2017 15h21

Secretário que chegar atrasado aos eventos "mais importantes" da gestão João Doria (PSDB) vai arcar financeiramente com o descuido. Por 15 minutos de atraso, os membros da equipe serão multados em R$ 200 -- dinheiro que será depositado em um fundo municipal a ser criado, sob gerenciamento da Secretaria Municipal de Direitos Humanos.

Para o prefeito, a multa --ou "contribuição", como preferiu denominar-- faz parte de uma "atitude bem humorada" em relação à equipe, composta por 22 secretários.

Caso o atraso seja maior que 15 minutos, o secretário será multado em R$ 400. A redução das multas foi um dos motes de campanha do tucano --que prometeu erradicar com o que chamou de "indústria da multa" --, mas no trânsito paulistano.

A assessoria do prefeito confirmou a penalidade, mas minimizou a medida dizendo tratar-se de "algo bem humorado". No entanto, a multa esta válida --os critérios de importância dos eventos em que os atrasos não serão tolerados, contudo, não foram divulgados.

Em evento hoje na prefeitura com secretários de Estado, o prefeito e o vice, Bruno Covas, além do governador Geraldo Alckmin (PSDB), integrantes da equipe do prefeito relativizaram a medida.

"É uma mensagem de otimismo e comprometimento junto ao secretariado", disse o secretário municipal do Trabalho, Eliseu Gabriel, que já integrara a equipe do antecessor, Fernando Haddad (PT). Gabriel fez questão de ressaltar à reportagem: "Mas eu não me atrasei", avisou.

Se a multa valesse já para a primeira ação da nova administração, a limpeza da praça 14 Bis às 6h, na última segunda, a primeira a ser multada seria a secretária municipal de Assistência Social e Desenvolvimento, Soninha Francine. Ela chegou à praça sem os trajes de gari --exigidos por Doria a si próprio e aos secretários --e por volta das 7h30, quando o prefeito já havia deixado o local.

Procurada para comentar o assunto, a secretária Soninha Francine disse que achou a multa "justa" e evitou polemizar com o prefeito. "Eu acho justo; é um jeito de eu me consolar pelo meu atraso. Fiquei tão desconsolada porque sou uma pessoa tão matutina, gosto tanto de acordar cedo. E foi tanta ansiedade cedo com medo de quê? Com medo de me atrasar. Parece um pesadelo", definiu.

Já Doria, que concedeu entrevista coletiva em que respondeu duas perguntas --a previsão inicial era responder uma única questão-- classificou a multa como "questão de disciplina e respeito", mas minimizou: "é só uma atitude bem humorada".

"Hoje tivemos uma reunião aqui às 7h30 e ninguém se atrasou; ninguém quis correr o risco de pagar a contribuição", declarou o prefeito.

Programa é lançado com pompa e sem ineditismo

Na manhã desta quarta (4), Doria e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) assinaram termo de parceria por meio do qual o governo do Estado repassará ao Município R$ 84 milhões para ações na assistência social.

O recurso deverá ser destinado a ações de acolhida a crianças, adolescentes, idosos e pessoas em situação de rua e é proveniente do Fundo Estadual de Assistência Social (R$ 64 milhões) e de programas estaduais de transferência de renda "Ação Jovem" e "Renda Cidadã".

Apesar da pompa que marcou o anúncio da parceria, em um auditório de eventos na prefeitura, esse tipo de acordo não é inédito, admitiu o governador. Ele não soube dizer, porém, o valor do repasse em 2016.

Na próxima segunda, Doria e Alckmin se reunirão no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) com as respectivas equipes para definir estratégias de ação conjuntas em diferentes setores. "Essa sintonia, essa boa parceria beneficia diretamente o cidadão", definiu Alckmin, sem antecipar detalhes.

Aliado e principal padrinho político de Doria, Alckmin é também um dos nomes de possível presidenciável para a eleição de 2018 -- condição que o próprio Doria fez questão de salientar tanto no discurso da vitória, no primeiro turno de 2016, quanto na solenidade de transmissão de cargo no Teatro Municipal, domingo (1) passado. Na ocasião, ao ouvir gritos de "Alckmin presidente", o prefeito se referiu ao governador como quem "colocará o país nos trilhos".