Segundo mais rico, Eunício chegou ao Senado doando R$ 1,6 milhão a sua campanha
O novo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) é o segundo senador mais rico em exercício. Ele declarou em 2014 ter um patrimônio de mais de R$ 99 milhões. Usou, aliás, parte dessa riqueza para que fosse eleito senador da República ainda em 2010.
Naquele ano, Eunício informara ter bens avaliados em R$ 36 milhões --cerca de um terço do que tem hoje. Ainda em 2010, ele doou R$ 1,63 milhão em recursos próprios ou de suas empresas para sua campanha eleitoral. O valor representou mais de 20% dos R$ 7,75 milhões arrecadados pelo então candidato para que ele conseguisse uma vaga no Senado Federal.
Só Eunício, como pessoa física, doou R$ 950 mil à sua campanha ao Senado em 2010. Além disso, quatro empresas ligadas a ele doaram outros de R$ 680 mil.
Uma delas, a Manchester Serviços, companhia que presta serviços de limpeza e fornece mão de obra terceirizada, deu R$ 400 mil a campanha de Eunício. Na época, a empresa prestava serviços para a Petrobras. Entre 2007 e 2011, a companhia recebeu cerca de R$ 1 bilhão da estatal, de acordo com levantamento do jornal “O Estado de S.Paulo”.
Em 2011, o senador vendeu por R$ 4 milhões sua fatia na companhia para outros dois parceiros no negócio: Nelson Neves e Rodrigo Neves.
De acordo com a declaração de bens de Eunício encaminhada à Justiça Eleitoral em 2014, quando ele foi candidato a governador do Ceará, o senador ainda é dono de 99% da Remmo Participações SA. A empresa controla as companhias empresas de Corpvs, Confederal e Confere.com, também ligadas a prestação de serviços. Essas três companhias, em 2010, doaram quase R$ 289 mil para campanha de Eunício ao Senado.
O mesmo levantamento de “O Estado de S.Paulo” aponta que a Confederal e a Corpvs, juntas, têm R$ 703 milhões em contratos com Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Central –todos estatais.
Procurado pelo UOL para comentar seus negócios e a relação deles com a política, o senador Eunício não se pronunciou.
Citado em doações da Lava Jato
Eunício também contou com doações de empresas envolvidas na Operação Lava Jato em sua campanha por uma vaga no Senado. As construtoras Coesa, OAS e Serveng doaram R$ 1,1 milhão a Eunício. O senador não comentou as doações.
Ainda sobre a Lava Jato, Eunício foi citado na delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Segundo o executivo, o senador recebeu aproximadamente R$ 2,1 milhões da empresa para defender os interesses da empresa durante a tramitação da Medida Provisória 613 de 2013.
Em entrevista, Eunício se defendeu e disse que, "no despero", delatores inventam estórias.
"As pessoas, numa hora dessas de desespero, falam e ninguém pode impedir [...] As pessoas criam, inventam e até mentem para obter o benefício da delação", afirmou. O senador disse também estar tranquilo em relação às citações ao seu nome ao longo da Operação Lava Jato. "Não sou investigado. Sei o que fiz e o que não fiz. Tenho tranquilidade em relação a qualquer citação", disse.
Antes disso, o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT, atualmente sem partido) já havia declarado em sua delação que Eunício faria parte do grupo de parlamentares do PMDB que exercia influência em diretorias da estatal em troca de propina. Delcídio ainda disse que Eunício colocava suas empresas de prestação de serviços para operar junto à Petrobras e a diversos ministérios.
O ex-diretor da Hypermarcas e delator da Operação Lava Jato Nelson Mello disse em depoimento que repassou R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha de Eunício ao governo do Ceará em 2014.
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