"Câmara exige respeito e quer soberania garantida", diz Maia em discurso
O candidato à presidência da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou, em discurso nesta quinta-feira (2) antes da eleição na Casa, a necessidade de soberania do Legislativo e criticou o que definiu como “radicalismos” anteriores a sua gestão.
“Passamos por um radicalismo nunca antes visto, mas chegamos à data de hoje com um novo ambiente na relação com o poder Executivo e o poder Judiciário”, afirmou. Segundo ele, a Câmara “exige respeito” e quer a sua “soberania garantida”.
Ele falou ainda sobre a necessidade de recuperar a economia do país, debater o pacto federativo e votar a reforma previdenciária e trabalhista. “Não podemos ter um regimento que faça com que o cidadão na televisão ache que estamos em um picadeiro”, afirmou.
“Precisamos ter capacidade de diálogo, harmonia, para que possamos participar da recuperação que o Brasil tanto precisa.”
O candidato disse também que a reforma política é urgente. “A sociedade espera um sistema eleitoral que legitime nossos mandatos, que legitime a participação da sociedade”, disse. Para ele, o atual sistema eleitoral é caro e está sem previsão de financiamento.
Rodrigo Maia também prometeu valorizar o trabalho dos parlamentares e construir racionalidade nas votações, em que os deputados possam planejar suas vindas a Brasília o mês inteiro. “Que possamos começar as sessões cedo e acabá-las cedo”, acrescentou.
Ele defendeu ainda a reforma do Regimento Interno da Câmara, para que o debate seja valorizado, em detrimento de requerimentos que atrasam a votação. Além disso, pediu que a capacidade de diálogo seja retomada.
Maia também deu os pêsames ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo falecimento de sua esposa, Marisa Letícia.
Primeiro na linha sucessória do presidente Michel Temer (PMDB), o presidente da Câmara busca a reeleição para o cargo com uma candidatura cercada de apoio e de polêmica.
Atual mandatário da Casa, ele só pôde formalizar sua tentativa de reeleição após ser oficialmente liberado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). No início da noite de quarta-feira (1), o ministro Celso de Mello negou o pedido de liminar de alguns deputados para que Maia fosse proibido de se candidatar.
Eles alegavam que a Câmara não permite reeleições, mas o presidente argumentou que seu atual mandato é tampão, já que ele foi escolhido no ano passado para substituir Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quando o conterrâneo foi afastado da presidência --posteriormente, Cunha também teve o cargo cassado.
Maia tem o apoio declarado de pelo menos dez partidos cujas bancadas somam 279 deputados, mais da metade dos 513 parlamentares. São eles: DEM, PSDB, PSB, PCdoB, PP, PR, PSD, PRB, PHS e PV.
Além disso, parlamentares do PMDB (65 deputados), dono da maior bancada da Câmara, também devem votar em Maia, apesar de não terem divulgado o apoio publicamente.
Deputados do PT, que tem 57 legisladores, chegaram a acenar com apoio a Maia. No entanto, a legenda decidiu apoiar André Figueiredo, do PDT. A possibilidade de endossar um político favorável ao impeachment de Dilma Rousseff e alinhado ao governo Temer rachou a bancada na Câmara e incomodou as bases.
Em julho, quando foi eleito após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Maia recebeu 285 votos no segundo turno.
*Colaborou Paula Bianchi, no Rio
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