Topo

Suplicy leva livros para dar de presente a Moro durante depoimento

Eduardo Suplicy se dispôs a levar exemplares de "Renda da cidadania: a saída é pela porta" e "Um notável aprendizado: a busca da verdade e da justiça do boxe ao Senado" para o gabinete de Moro, em Curitiba - Reprodução/JFPR
Eduardo Suplicy se dispôs a levar exemplares de "Renda da cidadania: a saída é pela porta" e "Um notável aprendizado: a busca da verdade e da justiça do boxe ao Senado" para o gabinete de Moro, em Curitiba Imagem: Reprodução/JFPR

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

17/02/2017 16h59

O vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) levou dois exemplares dos seus livros “Renda da cidadania: a saída é pela porta” e “Um notável aprendizado: a busca da verdade e da justiça do boxe ao Senado” para a sede da Justiça Federal de São Paulo para dar de presente ao juiz federal Sérgio Moro.

Suplicy prestou depoimento à Justiça Federal do Paraná nesta sexta-feira (17), por videoconferência, como testemunha de defesa do ex-ministro Antônio Palocci, que é réu na Operação Lava Jato.

O vereador se dispôs a ir até a sede da 13º Vara Federal de Curitiba para entrega-los em mãos ao juiz da Lava Jato. “Se o senhor quiser que eu entregue em mãos os meus livros, aproveito a oportunidade e faço a visita também ao seu gabinete”, disse Suplicy sorrindo, já no final do depoimento.

Suplicy contou que estará no dia 24 de fevereiro em Curitiba para dar uma palestra e que deseja aproveitar a oportunidade para visitar também os ex-ministros Antônio Palocci e José Dirceu na prisão.

“Não existe nenhum empecilho do juízo o senhor visitar o senhor José Dirceu ou quem quer que seja. Tem que se procurar o presídio para saber das regras de visita. Mas da minha parte não existe nenhum problema”, disse Moro.

O juiz federal Moro agradeceu “a gentileza dos livros”. “Todos conhecem a história notória do seu envolvimento nesse projeto de renda mínima. Até tenho um desses livros já, mas de bom grado aceito mais um exemplar”, disse.

Moro contou a Suplicy que não estará na cidade para recebê-lo em seu gabinete. “Mas o gabinete fica aberto para o senhor a qualquer momento”, concluiu com cordialidade.

O depoimento

A audiência com o vereador de São Paulo foi a primeira com testemunhas de defesa na ação penal relacionada à 35ª fase da operação Lava Jato. Além dele, o ex-ministro José Eduardo Cardozo também havia sido arrolado pela defesa para prestar o depoimento, mas a intimação acabou não sendo entregue. Cardozo disse ao UOL que não recebeu nenhuma notificação e que está de viagem a Bahia para dar uma palestra.

Outras duas pessoas convocadas por Palocci também foram ao longo da manhã.

Durante o depoimento, Suplicy foi questionado entre outras questões sobre se conhecia Palocci e que relação tinha com o ex-ministro e se tem conhecimento de alguma ligação de Palocci com a Brasken e Odebrecht e de alguma conduta que pudesse favorecê-las ilicitamente.

“Nunca o ministro Antônio Palocci chegou para mim [quando era senador] e falou ‘olha, é preciso votar nisso aqui porque vai atender determinado grupo empresarial que tem boa relação conosco e se aprovado ele vai dar contribuição ao nosso partido. Nunca ouvi, assisti ou testemunhei qualquer ação do Palocci que não fosse de extrema seriedade”, afirmou.

A prisão

Palocci está preso desde setembro do ano passado, acusado de interferir em decisões do governo federal para beneficiar a Odebrecht. Segundo as investigações, o ex-ministro teria atuado para que a construtora assinasse um grande contrato com a Petrobras para operação de 21 navios-sonda. Em troca, a empreiteira teria repassado R$ 128 milhões em propina ao PT.

Identificado nas planilhas da propina da Odebrecht como "Italiano", o ex-ministro seria o responsável por levar as demandas da empreiteira à administração federal, beneficiando-a em licitações e atuando pela aprovação de projetos de lei positivos a ela. Em contrapartida, Palocci receberia propina destinada ao PT.

Apesar de Palocci ter argumentado que ele não era o "italiano" ao qual a planilha se referia, o juiz Sergio Moro afirmou que há "razões fundadas para identificar Antonio Palocci Filho como a pessoa identificada pelo codinome Italiano" ao transformá-lo em réu na Lava Jato.