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Defesa de Funaro pede à PGR acareação com Yunes, Padilha e delator da Odebrecht

Lúcio Funaro está preso em Brasília desde julho do ano passado - Lula Marques/Folha imagem
Lúcio Funaro está preso em Brasília desde julho do ano passado Imagem: Lula Marques/Folha imagem

Do UOL, em Brasília e no Rio

01/03/2017 18h37

O advogado do corretor da Bolsa Lúcio Funaro entregou nesta quarta-feira (24) à PGR (Procuradoria-Geral da República) uma petição para que seu cliente participe de acareação com o ex-assessor especial da Presidência da República, José Yunes, com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), e com o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. De acordo com o criminalista Bruno Espiñeira, caberá à PGR decidir se vai realizar a confrontação.

Funaro foi citado por Yunes em depoimento prestado por ele à Procuradoria-Geral na semana passada. O ex-assessor e amigo do presidente Michel Temer (PMDB) disse que Padilha havia lhe pedido para receber um pacote com "documentos" durante a campanha presidencial de 2014 em seu escritório de advocacia em São Paulo. No dia e na hora marcados por Padilha, Funaro teria aparecido em seu escritório e lhe entregado um pacote. Yunes diz não ter aberto o pacote.

Bruno Espiñeira, que assumiu a defesa de Funaro na semana passada, disse que seu cliente nega as declarações dadas por Yunes sobre o episódio, mas não apresentou detalhes sobre as contestações. O advogado não disse se Funaro foi ou não ao escritório de ex-assessor de Temer.

"Ele disse apenas que contesta as declarações de Yunes", afirmou o Espiñeira, na sexta (24). A defesa do corretor estuda processar Yunes por calúnia.

Suspeito de ser doleiro e operador financeiro de esquemas de corrupção junto ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Funaro está preso em Brasília desde julho do ano passado.

O depoimento de Yunes aconteceu após a revelação feita pela delação premiada de Cláudio Melo Filho de que Padilha teria se encarregado de distribuir R$ 4 milhões referentes a um repasse feito pela Odebrecht.

Segundo Melo Filho, parte do dinheiro foi entregue à campanha por meio de Yunes. O ex-assessor da Presidência nega ter sido operador da campanha de Temer.

À época em que a delação do ex-executivo vazou, Padilha negou participação no episódio. Desde a divulgação de que Yunes prestou depoimento à PGR, na última quinta (23), ele não voltou a se manifestar sobre o caso. O ministro se licenciou do cargo na semana passada para retirar a próstata.

Funaro é investigado pela suspeita de ser um dos principais operadores financeiros do esquema de corrupção na CEF (Caixa Econômica Federal). Investigações relativas à fase Cui Bonno da Operação Lava Jato indicam que Funaro operaria junto a Eduardo Cunha e ao ex-secretário geral da residência da República Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

Funaro, Geddel e Cunha negam envolvimento no esquema.