Topo

Doria diz que vai "prefeitar" e que Alckmin é seu candidato ao Planalto

MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

06/03/2017 10h14Atualizada em 06/03/2017 12h00

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou na manhã desta segunda-feira (6) que pretende se dedicar ao mandato e que não pretende disputar o cargo presidencial nas eleições de 2018. Em meio ao desgaste na imagem do PSDB devido à crise política, a cúpula do partido tem considerado o nome de Doria na disputa para a Presidência.

“Sou prefeito, fui eleito para ser prefeito e vou prefeitar. Tenho ouvido muito essas perguntas, mas fui eleito para ser prefeito de São Paulo e tenho que ser aquilo pelo qual fui designado. Essa é minha responsabilidade”, declarou durante entrevista à rádio Jovem Pan.

“Meu candidato à presidência da república é Geraldo Alckmin [governador de São Paulo pelo PSDB]”, acrescentou.

Ao ser questionado sobre qual seria sua resposta caso ele recebesse um pedido formal para ser candidato, o prefeito desconversou e disse apenas que “o apelo não foi feito ainda, então não posso responder.”

Doria da presidência?

Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, parlamentares e dirigentes do PSDB admitem que a possibilidade de Doria ser considerado pelo partido para disputar as eleições em 2018 saiu do universo das fofocas e tem ganhado força fora dos bastidores.

A Lava Jato é vista como principal fator de instabilidade para o lançamento de candidaturas de nomes tradicionais do partido.

Aécio Neves (MG), por exemplo, é apontado como uma das pessoas que receberam propinas da Odebrecht. Em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht relatou que Neves teria lhe pedido R$ 15 milhões no final do primeiro turno da campanha eleitoral de 2014. 

O valor bate com a planilha e a troca de mensagens de Odebrecht apreendidos pela Lava Jato e que mostram o repasse de R$ 15 milhões do departamento de propina da empreiteira ao apelido "mineirinho" que, segundo o delator Claudio Melo Filho, era uma referência a Aécio.

Em nota divulgada na semana passada, o PSDB defendeu a legalidade da doação. O partido afirmou que o valor de R$ 15 milhões foi doado oficialmente pelo grupo à campanha que tentou eleger Aécio em 2014 e que as doações feitas pela Odebrecht à campanha de Aécio foram declaradas à Justiça Eleitoral.

Geraldo Alckmin (SP), por sua vez, também foi citado em delações da empreiteira. Ele teria recebido dinheiro vivo como caixa dois para suas campanhas de 2010 e 2014 ao governo de São Paulo. Ele também nega as acusações.

Sobre o possível envolvimento de nomes importantes do PSDB com a Lava Jato, Doria afirmou que "toda investigação deve ser feita e deve ser feita com rigor."

"Não vejo o governador Alckmin neste campo [de corrupção]. Eu posso garantir que [ele] não tem nenhuma ligação. O fato de [alguém] estar ligado também não implica que é culpado", disse. 

O prefeito destacou ainda que é importante dar o direito de defesa plena para todos, independentemente das acusações. Sua resposta sobre se as investigações poderiam limitar candidaturas em 2018 foi um simples: "pode ser".