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Por "fora Temer", manifestantes contam com decisão do TSE que também prejudicaria Dilma

FáBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: FáBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO CONTEÚDO

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

01/04/2017 04h00

Seja em cima do trio elétrico ou no meio da multidão, a todo momento alguém puxava o coro de “Fora Temer” no ato que aconteceu nesta sexta-feira (31) em São Paulo contra a reforma da Previdência proposta pelo governo federal e o projeto de lei da terceirização sancionado pelo presidente.

Uma eventual saída do presidente depende, hoje, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que a partir da próxima terça-feira (4) julgará se a chapa formada por Temer e Dilma Rousseff em 2014 utilizou recursos ilegais. Uma ação movida pelo PSDB no Tribunal logo depois do fim do processo eleitoral acusou a chapa eleita de abuso de poder e de ter usado na campanha dinheiro com origem no esquema de propina investigado pela Operação Lava Jato. Os advogados de Dilma e de Temer negam irregularidades.

Se o TSE cassar a chapa, Temer terá de deixar a presidência. Os ministros do tribunal podem ainda decidir que os dois parceiros de chapa fiquem inelegíveis pelos próximos oito anos. Mas ainda que a decisão possa prejudicar a ex-presidente petista, a maioria dos manifestantes que estiveram nos protestos desta sexta contam com a saída de Temer.
 
Para Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e integrante da Frente Povo Sem Medo, se houver cassação ou inelegibilidade, a decisão não pode ser seletiva, ou seja, tem que se estender tanto a Temer quanto a Dilma. “Se tiver de cassar, tem que cassar a chapa inteira. O mais importante é convocar eleições gerais. O povo tem que decidir quem vai governar, e não esse Legislativo”, disse.

O presidente da CUT-SP (Centra Única de Trabalhadores de São Paulo), Douglas Izzo, seguiu o mesmo raciocínio. “O que eu te digo é que Temer tem que sair. Ele não tem legitimidade para fazer as reformas que está fazendo. Tem que sair e têm que ser convocadas eleições gerais”, afirmou à reportagem.

Matheus Nunes - Mirthyani Bezerra/UOL - Mirthyani Bezerra/UOL
Matheus Nunes, 22: essa é uma questão complicada de ser respondida
Imagem: Mirthyani Bezerra/UOL

Para o aposentado Otávio Santos, 62, “já era para Dilma”. “Já que a Dilma saiu mesmo, seria ótimo se a chapa fosse cassada porque tirariam o Temer. Temos que ter eleições diretas já”, disse.

A funcionária pública Teresinha Brandão, 60, disse que não era “petista” e que queria que a chapa fosse sim cassada, independente das consequências para Dilma. “Não sou petista, sou fora Temer. Tem que ter novas eleições já. A questão é quem vai apurar esse caldo, como iremos separar o joio do trigo para escolher o novo presidente. Estou aqui para aprender”, disse.

Otávio Santos - Mirthyani Bezerra/UOL - Mirthyani Bezerra/UOL
Otávio Santos, 62: "Já que a Dilma saiu mesmo, seria ótimo se a chapa fosse cassada porque tirariam o Temer"
Imagem: Mirthyani Bezerra/UOL

Já o funcionário público Antenor José, 37, disse que Dilma teria ido “no bonde” e que nada contra ela havia sido provado, mas que “poderia cassar, para o Temer ter que sair”. “Ele tinha que sair com ou sem cassação. Se tiver a cassação da chapa, ele já vai tarde. Vai ser bom para o brasileiro”, disse.

A opinião da professora Regina Oshiro, 59, é parecida com a de Antenor. Para ela, seria injusto que Dilma Rousseff pudesse sofrer algum tipo de punição. “Eu não sei, sou contra o Temer, quero que ele saia, mas acho que haveria injustiça. Não sei se vale a pena cassar a chapa”, disse.

Antenor José - Mirthyani Bezerra/UOL - Mirthyani Bezerra/UOL
Antenor José (centro), 37: Dilma foi "no bonde", mas seria bom a chapa ser cassada
Imagem: Mirthyani Bezerra/UOL

Para o estudante Matheus Nunes, 22, essa é uma questão complicada de ser respondida. “Eu não sei se seria bom ou ruim. Se de fato houve irregularidades tem que receber punição, mas simplesmente cassar a chapa não vai resolver os problemas do Brasil. O foco tem que ser derrubar essas reformas e lutar para modificar esse sistema”, afirmou.