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Lava Jato no Rio diz que corrupção na saúde continua na gestão Pezão

Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do Rio, foi preso nesta terça (11) - Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do Rio, foi preso nesta terça (11) Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

11/04/2017 15h12

Procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro dizem acreditar que o esquema de fraudes na saúde pública do Estado, revelado nesta terça-feira (11) e que levou à prisão o ex-secretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes, continua na gestão do governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Côrtes comandou a pasta entre 2007 e 2013, durante o governo de Sérgio Cabral (PMDB), período em que é suspeito de ter cometido fraudes em licitações e se beneficiado mediante pagamento de propina. Os investigadores estimam que ao menos R$ 300 milhões tenham sido desviados entre 2007 e 2016 a partir de fraude em importações e superfaturamento de contratos.

De acordo com procuradores à frente das investigações, os contratos firmados naquela época ainda estão em vigor. Pezão assumiu o governo em 2014, após Cabral renunciar, e foi reeleito no mesmo ano.

Questionado se o esquema criminoso continua "em andamento dentro da Secretaria Estadual de Saúde", o procurador Eduardo El Hage, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, disse apenas que "sim". Ainda sobre o assunto, o procurador Rodrigo Timóteo disse que há agentes públicos, contratos e prestadores de serviço, que estão na mira da PF.
 
"Sobre a questão da corrupção, temos ciência que os contratos [ainda estão em vigor], os medicamentos e equipamentos ainda estão sendo fornecidos. Temos certeza de quem a gente prendeu e quem a gente está oferecendo essas [medidas] cautelares. Mas sabemos que a contratação ainda existe. Suspeitamos e vamos continuar a investigação."
 
Segundo El Hage, as empresas que prestam serviço para o governo do Estado na área de saúde já estão sendo investigadas. Timóteo não revelou nomes, mas é certo que algumas pertencem a Miguel Iskin, também preso nesta terça sob suspeita de atuar em conjunto com Côrtes.
 
"A empresa de Miguel Iskin, a Oscar Iskin, e outras empresas de Miguel Iskin e [Gustavo] Estellita, como a Levfort, continuam contratando com o governo do Estado, com OSs (Organizações Sociais) do Estado e com o governo federal. Mais do que nunca, o fato está ocorrendo agora. A corrupção está ocorrendo agora."

"Os contratos estão em vigência. Existe contratação e nós estamos prosseguindo com a investigação. Acreditamos que vamos identificar possíveis agentes públicos [que estejam no quadro atual da Secretaria de Estado de Saúde], mas isso é uma continuidade da investigação", acrescentou Timóteo.

Também foi preso nesta manhã pela Polícia Federal o empresário Gustavo Estellita, apontado como operador financeiro de Iskin. Os três (Côrtes, Iskin e Estellita) são os principais investigados na Operação Fratura Exposta, que apura a prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra de próteses e equipamentos para unidades de saúde da rede estadual.

Outro lado

A defesa de Sérgio Côrtes disse, por meio de nota, que o ex-secretário "tem todo interesse em elucidar os fatos atribuídos a ele e que, no momento oportuno, provará sua inocência". Procurado pelo UOL, o advogado de Iskin, Alexandre Lopes, informou que "só vai se posicionar após ter acesso ao conteúdo das investigações e delações".
 
Procurada, a assessoria de imprensa do governo do Rio de Janeiro orientou a reportagem a procurar a Secretaria de Estado de Saúde. A Pasta informou que "a atual gestão não firmou contratos com a empresa Oscar Iskin" e contestou as declarações dos procuradores do MPF. Na versão do governo, não há acordos em vigor. O último foi finalizado em 2014, informou o órgão.
 
Por meio de nota, o Into informou que "todos os seus contratos são precedidos de licitação, conforme a legislação pertinente". O instituto também disse está à disposição para esclarecimentos que forem solicitados pela investigação e tomará as medidas cabíveis, quando tiver acesso ao processo.
 

Fatura Exposta

UOL Notícias