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Como votaram os deputados da lista de Fachin em sessão histórica do impeachment?

Do UOL, em São Paulo

16/04/2017 04h00Atualizada em 16/04/2017 11h10

Na próxima segunda-feira (17), fará um ano desde a Câmara dos Deputados votou, por 367 votos a favor e 137 contra, pelo pedido de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Na lista do ministro do STF Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte, constam 36 parlamentares que estiveram naquela histórica sessão. Destes, 21 votaram a favor do pedido, 13 contra e dois se abstiveram.

Em uma sessão que foi transmitida em rede nacional pelos meios de comunicação e acompanhados por manifestações populares em várias cidades, alguns políticos usaram a situação para discursar contra a corrupção. Agora, parte deles está sendo investigada por crimes de corrupção e integra a lista de Fachin. Isso aconteceu tanto com deputados que se posicionaram contra quanto a favor da abertura do processo de impeachment.

Um dos maiores opositores do governo Dilma e aliado do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado Paulinho da Força (SD-SP) afirmou na ocasião que votou pelo sim da abertura do impeachment "contra a 'boquinha' do PT" e que "este governo levou o país à maior crise da história do Brasil, com desemprego, com empresas fechando, com roubo generalizado".

Na lista de Fachin, Paulinho está em dois inquéritos: um sobre pagamento de vantagem não contabilizada, no contexto da campanha eleitoral à Câmara, no ano de 2014 (relata-se o repasse de R$ 1 milhão); e outro sobre doação eleitoral irregular de R$ 700 mil.

Em nota, o deputado afirmou que "a Odebrecht doou R$ 1 milhão para o partido Solidariedade, que foi distribuído para pagamentos de campanhas entre diversos candidatos aos cargos de deputados federal e estadual. Deste montante, minha campanha ficou com exatos R$ 158.563,00, conforme registro no TSE", e que suas contas foram aprovadas pelos órgãos eleitorais responsáveis.

Outro nome da oposição a Dilma, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) votou a favor do pedido de impeachment porque "estamos [a Câmara] legitimados pelo povo brasileiro para dizer um 'basta' para a roubalheira".

Lorenzoni é suspeito de falsidade ideológica por não ter declarado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o recebimento de R$ 175 mil. O deputado afirmou estar "surpreso, indignado, revoltado" com a presença de seu nome na lista. "Nunca estive na sede da Odebrecht, nunca pedi dinheiro para a Odebrecht", disse.

Aliados de Dilma no Congresso também foram implicados em inquéritos mesmo que tenham discursado contra a corrupção há um ano. É o caso de Vicentinho (PT-SP), que ao votar contra o impedimento de Dilma, disse: "Eu não sou corrupto, não faço conchavo, não sou traidor da classe trabalhadora, nem oportunista".

Também acusado de falsidade ideológica, Vicentinho teria recebido R$ 30 mil do grupo Odebrecht na campanha de 2010 por meio de caixa dois. O petista afirmou que vai se "defender com unhas e dentes" do que classificou como uma "tentativa de me enquadrar em uma lei eleitoral".

Contrário ao pedido de impeachment, Daniel Almeida (PCdoB-BA) disse na ocasião: "Estamos diante de uma situação surreal: uma presidenta, sobre a qual não pesa qualquer denúncia, qualquer ato ilícito, e agora tem o seu mandato ameaçado por uma conspirata de corruptos".

Na suspeita contra ele, em 2012 a Odebrecht acertou com o parlamentar --que apoiava a campanha de Isaac Carvalho à prefeitura de Juazeiro (BA)-- o pagamento de R$ 300 mil a pretexto de contribuição para campanha eleitoral. Colaboradores também narram que, em outra ocasião, foi repassado ao parlamentar a soma de R$ 100 mil.

Almeida se defendeu dizendo que "não tem nada a temer". "Os baianos e os brasileiros conhecem minha trajetória de mais de 30 anos de atividade pública. Se algum inquérito for aberto, tenho total convicção de que o destino será o arquivamento", disse o deputado.

Veja abaixo a lista dos deputados da lista de Fachin e seus respectivos votos no pedido de abertura ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016:

Favoráveis ao impeachment

  • Alfredo Nascimento (PR-AM): suspeito de articular vantagem indevida e lavagem de dinheiro; o deputado diz não ter tido "qualquer relação com executivos, empresas e estatais envolvidos"
  • Arthur Oliveira Maia (PPS-BA): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; relator da reforma da previdência, ele afirma que suas doações estão de acordo com a lei e foram aprovadas pelo TRE-BA
  • Betinho Gomes (PSDB-PE): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz não ter feito nada ilegal e afirma que apoia a Lava Jato
  • Beto Mansur (PRB-SP): a investigação ocorre em sigilo de Justiça; o deputado afirma que as doações recebidas foram efetuadas dentro da legislação vigente à época
  • Celso Russomanno (PRB-SP): suspeito de receber de vantagens indevidas após campanha eleitoral; o deputado diz que as doações recebidas por ele foram "oficiais"
  • Daniel Vilela (PMDB-GO): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado afirma que sua campanha foi feita conforme determina o TSE
  • Dimas Fabiano Toledo (PP-MG): suspeito de pagar vantagens indevidas à Odebrecht; o deputado afirma que "jamais" teve contato com a Odebrecht e não recebeu recursos doados pela empresa
  • Fábio Faria (PSD-RN): suspeito de receber doação eleitoral ilícita com pedido de contrapartida de favorecimento em obras; Faria afirma que provará sua inocência
  • Heráclito Fortes (PSB-PI): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado afirma que irá se manifestar quando tiver conhecimento do teor da investigação
  • João Paulo Papa (PSDB-SP): a investigação ocorre em sigilo de Justiça; ele afirma que captou somente recursos declarados conforme as leis vigentes e teve as contas aprovadas pela Justiça eleitoral
  • José Carlos Aleluia (DEM-BA): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz que doações foram legais e declaradas
  • José Reinaldo (PSB-MA): suspeito de receber vantagem indevida, ocultação de origem de bens e evasão de divisas; o deputado disse não ter sido citado por nenhum delator da Odebrecht, e sim "um auxiliar seu"
  • Júlio Lopes (PP-RJ): suspeito de receber propinas; o deputado disse que "todas as contas eleitorais foram aprovadas pela Justiça"
  • Jutahy Júnior (PSDB-BA): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado acredita que o procedimento será arquivado
  • Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA): suspeito de receber dinheiro da Odebrecht para beneficiar empresa no Congresso; o deputado diz que não irá se manifestar
  • Milton Monti (PR-SP): suspeito de cobrar vantagem indevida; o deputado diz que suas campanhas foram feitas legalmente
  • Onyx Lorenzoni (DEM-RS): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado nega ter pedido dinheiro para a Odebrecht e afirma que renunciará se descobrirem algo
  • Paulinho da Força (SD-SP): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz que suas contas foram aprovadas
  • Pedro Paulo (PMDB-RJ): suspeito de receber doação eleitoral ilícita e de facilitar contratos para a Odebrecht; o deputado diz que as acusações são falsas e o inquérito será arquivado
  • Rodrigo Garcia (DEM-SP): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado afirma que jamais recebeu doação não contabilizada
  • Rodrigo Maia (DEM-RJ): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado alega que contribuições recebidas em campanha foram oficializadas

Contrários ao impeachment

  • Antônio Brito (PSD-BA): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz que as doações foram "declaradas e aprovadas"
  • Arlindo Chinaglia (PT-SP): suspeito de receber vantagens indevidas; o deputado diz não saber "onde e de que maneira foi citado" nas delações
  • Carlos Zarattini (PT-SP): suspeito de receber doação eleitoral ilícita e vantagens indevidas; o deputado diz que doações foram legais e aprovadas pelo TRE
  • Daniel Almeida (PCdoB-BA): suspeito de receber vantagem indevida; o deputado crê que "se algum inquérito for aberto, o destino será o arquivamento"
  • Décio Lima (PT-SC): suspeito de receber vantagens indevidas; o deputado afirma que não é réu ou investigado em nenhum processo da Lava Jato e sua vida pública é pautada pela ética
  • João Carlos Bacelar (PR-BA): suspeito de receber vantagem indevida; a reportagem tentou contato por telefone e por e-mail com a equipe do parlamentar em Brasília na sexta-feira (14), mas não foi atendida
  • Marco Maia (PT-RS): suspeito de pagar vantagens indevidas; o deputado nega e diz que irá adotar ações criminais cabíveis contra os delatores
  • Maria do Rosário (PT-RS): suspeita de receber doação eleitoral ilícita; a deputada se diz indignada e afirma que disponibilizará seus sigilos fiscais, bancários e telefônicos
  • Vander Loubet (PT-MS): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado afirma que inquérito não é condenação e diz que a doação citada na delação como caixa 2 na verdade é legalizada e declarada
  • Vicente "Vicentinho" Paulo da Silva (PT-SP): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado nega e argumenta que seus projetos são todos contra interesses de empreiteiras
  • Vicente Cândido (PT-SP): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz ter certeza de sua idoneidade e se disponibilizou para esclarecimentos à Justiça
  • Zeca Dirceu (PT-PR): suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado alega que nunca teve relação com a Odebrecht
  • Zeca do PT (PT-MS): suspeito de receber vantagem indevida; o deputado nega e afirma que a denúncia corresponde a um período em que ele não disputava qualquer eleição, e o delator o acusa de ter recebido dinheiro para campanha ao governo em 2006

Abstenções e ausências

  • Cacá Leão (PP-BA): Abstenção. Suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz que todas as doações foram recebidas de forma oficial
  • Mário Negromonte Jr. (PP-BA): Abstenção. Suspeito de receber doação eleitoral ilícita; a reportagem tentou contato por telefone e por e-mail com a equipe do parlamentar em Brasília em Salvador na sexta-feira (14), mas não foi atendida
  • Nelson Pellegrino (PT-BA): Não votou por estar licenciado do mandato para assumir o cargo de secretário de Turismo da Bahia, de fevereiro a julho de 2016. Suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz que se manifestará "após o conhecimento dos termos
  • Paulo Henrique Lustosa (PP-CE): Não votou por estar afastado do mandato por ser suplente de Adail Carneiro (PP-CE), que retomou o mandato para votar pelo sim ao impeachment. Suspeito de receber doação eleitoral ilícita; o deputado diz que nunca recebeu "doação não contabilizada em campanhas eleitorais"
  • Yeda Crusius (PSDB-RS): Não votou por ser na época suplente de Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), atual prefeito de Porto Alegre que votou pelo sim ao impeachment. Suspeita de receber vantagem indevida; a deputada diz que aguarda para saber o conteúdo das delações e manifestou apoio à Lava Jato e ao STF