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Presidente interino da Funai é militar e tem origem indígena

Então diretor da Funai, Franklimberg Ribeiro de Freitas (à dir.) se reuniu com lideranças indígenas em março deste ano - Mário Vilela/Funai
Então diretor da Funai, Franklimberg Ribeiro de Freitas (à dir.) se reuniu com lideranças indígenas em março deste ano Imagem: Mário Vilela/Funai

Do UOL, em São Paulo

09/05/2017 12h15

Nomeado presidente interino da Funai (Fundação Nacional do Índio) na manhã desta terça-feira (9), Franklimberg Ribeiro de Freitas é general do Exército e tem origem indígena. Ele assume após a exoneração do ex-presidente Antônio Fernandes Toninho Costa, sucedida por uma troca de farpas entre ele e o ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

Freitas é manauara, tem 61 anos, e é militar da reserva. Ingressou nas Forças Armadas em 1976, na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), atuou no combate a crimes ambientais, tráfico nas fronteiras e apoio às comunidades indígenas da região.

Antes de entrar na Funai era assessor de relações institucionais do CMA (Comando Militar da Amazônia), sediado em Manaus (AM), cargo que ocupou até janeiro deste ano quando foi nomeado diretor da fundação.

Especialista em saúde indígena, o ex-presidente Costa havia sido indicado para o cargo pelo conservador PSC (Partido Social Cristão), presidido pelo evangélico Pastor Everaldo (PSC-RJ), segundo reportagem do jornal "Folha de S. Paulo".

Antes de indicar o nome dele para presidir a Funai, no entanto, a legenda havia encaminhado, no segundo semestre do ano passado, o nome do general Freitas para Planalto para comandar a Funai.

O órgão era presidido interinamente por Artur Nobre Mendes desde maio de 2016, já que a Funai ficou sem presidente após a ex-presidente Dilma Rousseff sofrer o impeachment.

Na época, ainda segundo a "Folha de S.Paulo", políticos do PSC disseram que um dos pontos fortes de Freitas era o fato de ele ser indígena. O próprio general, no entanto, afirmou não ser índio, mas ser de origem indígena, porque a mãe, avó e bisavó eram índias.

Na ocasião, as organizações ligadas às causas indígenas viam com maus olhos a atuação de militares a frente da Funai e foram contrárias a indicação de Freitas. O governo acabou cedendo às pressões de não nomear um militar, escolhendo um técnico para a função.

Mas Freitas acabou sendo nomeado diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, diretoria considerada estratégica nas atividades da Funai e ouvida em temas diversos nos processos administrativos, como mineração e gestão ambiental.

Segundo nota divulgada pela Funai. ele é chefe do gabinete de crise que está gerenciando a situação do povo Gamela, no Maranhão. Vinte e dois índios teriam sido agredidos durante um confronto do grupo com posseiros no município de Viana, região da Baixada Maranhense, no último dia 30.

A Funai destacou ainda a atuação de Freitas na coordenação junto ao Ibama e outros órgãos federais de ações para coibir de madeireiros e de serrarias em terras indígenas no Pará, Maranhão, Rondônia e Amazonas.  

Polêmica após exoneração

Ao deixar o governo, o ex-presidente da Funai atacou o governo ao falar sobre as causas de sua saída e criticou a condução das políticas indigenistas por Serraglio. “Eu saio porque sou honesto, porque não me curvei e jamais me curvarei para fazer o malfeito", afirmou no dia da demissão. Ele disse que foi demitido por conta de ingerências políticas sofridas pela bancada ruralista liderada por Serraglio, além da "incompetência do governo, que abandonou a Funai e as causas indígenas".

Serraglio, por sua vez, disse por meio de nota que "dada a extrema importância que o governo dá à questão indígena", a Funai precisa de uma "atuação mais ágil e eficiente, o que não vinha acontecendo", justificando a saída de Costa.

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