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Lula tem discurso para a história ao politizar Lava Jato, diz cientista político

Resultado de suposto embate entre Lula e Moro foi de 0 a 0

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

10/05/2017 23h24

Ao levar a operação Lava Jato para o campo político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um discurso para a história, afirma o cientista político Carlos Melo, em análise durante transmissão ao vivo do UOL após depoimento do petista ao juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, nesta quarta-feira (10).

Lula é acusado de ter recebido propina da empreiteira OAS por meio da reserva e reforma de um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (litoral de São Paulo), em 2009. A ação também engloba o armazenamento de bens do ex-presidente depois que ele deixou a Presidência. O petista sempre negou as acusações.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz discurso para apoiadores em Curitiba após depoimento a Sérgio Moro - Nacho Doce/Reuters - Nacho Doce/Reuters
Imagem: Nacho Doce/Reuters

Segundo Carlos Melo, ao decorrer do andamento dos cinco processos contra ele, dos quais três na Lava Jato, a estratégia de Lula é politizar a investigação esperando que sejam provadas as acusações feitas pelo Ministério Público.

“Daqui até lá [com uma possível condenação], a estratégia é ir politizando [...]. vai sobrar a narrativa da vítima, da condenação sem provas, por algum tipo de perseguição política. Tem um discurso aí para a história", disse. "Ninguém sabe o que será, mas, se imaginar um cenário de condenação e prisão, a história que o PT vai pretender escrever é a do preso político. Se cola ou se não cola, se as futuras gerações vão aceitar isso ou não, só a história vai dizer."

Comportamento "comedido”

Na avaliação do cientista político, Lula se comportou de forma comedida no interrogatório por orientação dos advogados. Se ele se exaltasse e provocasse Moro, corria o risco de se complicar ainda mais na Justiça, ponderou Melo.

“Na frente do juiz, o que ele tem de fazer? Tem de responder às questões. Poderia fazer um palanque como já fez no passado? Poderia, mas se corre o risco de um confronto, de uma desobediência, de alguma coisa que pode complicar a situação dele processualmente. [...] Muitos 'não sei', muitos 'não me lembro exatamente quando foi'. Me parece uma coisa bastante normal e tranquila”, considerou o cientista político.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba - Reprodução - Reprodução
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba
Imagem: Reprodução

Para Carlos Melo, o resultado de um suposto combate entre Lula e Moro esperado por parte da população foi de “empate técnico” até porque o ambiente de audiência à Justiça não deve ser transformado em palanque.

Ao contrário do comportamento na audiência, Lula se mostrou enérgico em discurso a apoiadores na praça Santos Andrade, em frente à UFPR (Universidade Federal do Paraná) após o depoimento.

“Lá fora, um outro ambiente, totalmente diferente, está falando com seus. Ele tem que dar uma justificativa para sua militância, de certa forma abraçar sua militância, porque ele tem sido abraçado também. Faz discurso em um tom um pouco mais emocionado.”