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Dilma nega suposto e-mail para informar delatores sobre Lava Jato: "versão patética"

Ex-presidente Dilma negou o conteúdo das delações de João Santana e Mônica Moura - Pedro Ladeira/Folhapress
Ex-presidente Dilma negou o conteúdo das delações de João Santana e Mônica Moura Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

12/05/2017 19h10

Em nota oficial divulgada por sua assessoria de imprensa nesta sexta-feira (12), a ex-presidente Dilma Rousseff voltou a negar o conteúdo das delações do marqueteiro João Santana e de sua mulher, Mônica Moura. O casal fez acordo de colaboração em março, teve sua delação homologada em abril, e na última quinta (11), o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), derrubou o sigilo dos depoimentos.

Dilma, que já negou o conteúdo das delações de Santana e Moura em outras ocasiões, chamou as declarações do casal de “versões falsas e fantasiosas”. A ex-presidente afirmou que nunca negociou doações eleitorais durante as campanhas ou fora delas. “Todos aqueles que trabalharam, ou conviveram com ela, sabem disso”, diz a nota.

João Santana cuidou do marketing das duas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006). Em sua delação, o marqueteiro afirmou que os dois petistas sabiam que havia pagamento de caixa 2 nas campanhas eleitorais.

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Ainda no comunicado, Dilma negou que tenha informado os delatores sobre o andamento da operação Lava Jato. Em seu acordo de colaboração, Mônica Moura afirmou que chegou a criar um e-mail pelo qual Dilma a informava sobre as investigações. A delatora disse ainda que, segundo a ex-presidente, era o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quem lhe passava informações sobre os rumos da operação.

“É risível imaginar que a presidenta da República recebeu informações de forma privilegiada e ilegal ao longo da Lava Jato. Isso seria presumir que a Polícia Federal, o Ministério Público ou o próprio Judiciário, por serem os detentores e guardiões dessas informações, teriam descumprido seus deveres legais”, afirma a nota oficial.

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Veja abaixo a íntegra do comunicado enviado pela assessoria da ex-presidente Dilma.

A respeito das delações feitas por João Santana e Monica Moura, a Assessoria de Imprensa da ex-presidenta Dilma Rousseff esclarece:
 
1. Mais uma vez delatores presos, buscando conseguir sua liberdade e a redução de pena, constroem versões falsas e fantasiosas.
 
2. A presidenta eleita Dilma Rousseff nunca negociou doações eleitorais ou ordenou quaisquer pagamentos ilegais a prestadores de serviços em suas campanhas, ou fora delas. Suas determinações sempre foram claras para que a lei seja sempre rigorosamente respeitada. Todos aqueles que trabalharam, ou conviveram com ela, sabem disso.
 
3. São mentirosas e descabidas as narrativas dos delatores sobre supostos diálogos acerca dos pagamentos de serviços de marketing. Dilma Rousseff jamais conversou com João Santana ou Monica Moura a respeito de caixa dois ou pagamentos no exterior. Tampouco tratou com quaisquer doadores ou prestadores de serviços de suas campanhas sobre tal assunto.
 
4. É fantasiosa a versão de que a presidenta eleita informava delatores sobre o andamento da Lava Jato. Essa tese não tem a menor plausibilidade. Dilma Rousseff jamais recebeu de quem quer que seja dados sigilosos sobre investigações. Todas as informações prestadas pelo Ministério da Justiça ocorreram na forma da lei. Tal suspeita é infundada e leviana.
 
5. Causa ainda mais espanto a versão de que por meio de uma suposta “mensagem enigmática” (estranhamente copiada em um computador pessoal), conforme a fantasia dos delatores, a presidenta tivesse tentado “avisá-los” de uma possível prisão. Tal versão é patética. Naquela ocasião, já era notório, a partir de informações divulgadas pela imprensa, que isso poderia ocorrer a qualquer momento.
 
6. Mais inverossímil ainda é a afirmação de que Dilma Rousseff teria recomendado que os delatores ficassem no exterior, uma vez que todos sabem que mandados de prisão expedidos no Brasil podem rapidamente ser cumpridos em países estrangeiros.
 
7. É risível imaginar que a presidenta da República recebeu informações de forma privilegiada e ilegal ao longo da Lava Jato. Isso seria presumir que a Polícia Federal, o Ministério Público ou o próprio Judiciário, por serem os detentores e guardiões dessas informações, teriam descumprido seus deveres legais.
 
8. O governo Dilma Rousseff sempre foi acusado, por diferentes segmentos políticos, de deixar as investigações prosseguirem de forma autônoma, “descontroladas”, não buscando interferir ou obter previamente informações a respeito. E, espantosamente, as acusações agora vão em sentido contrário. É preciso lembrar as declarações do senador Romero Jucá, de que era preciso tirar a presidenta para “estancar a sangria”, “num amplo acordo com Supremo”, “com tudo”.
 
9. No TSE, foi possível comprovar, nas alegações finais entregues no início desta semana, que tanto João Santana quanto Monica Moura prestaram falso testemunho perante a Justiça. A defesa já pediu investigação e a suspensão dos efeitos da delação premiada, tendo em vista que ambos faltaram com a verdade. As provas estão contidas nos autos do processo no TSE.
 
10. Dilma Rousseff acredita que, ao final de mais uma etapa desse processo político, como já provado anteriormente em relação a outras mentiras em delações premiadas, a verdade virá à tona e será restabelecida na Justiça.