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MPF denuncia Cabral pela 8ª vez na Lava Jato; desvios na saúde chegam a R$ 16 milhões

27.abr.2017 - Ex-governador Sérgio Cabral depõe ao juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal do PR - Reprodução de vídeo
27.abr.2017 - Ex-governador Sérgio Cabral depõe ao juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal do PR Imagem: Reprodução de vídeo

Do UOL, no Rio

16/05/2017 08h20Atualizada em 16/05/2017 10h41

O MPF (Ministério Público Federal) denunciou à Justiça Federal o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) e outras seis pessoas por um esquema de cobrança e pagamento de propina na Secretaria de Estado de Saúde, entre 2007 e 2014. Essa é a oitava denúncia contra o ex-chefe do Executivo fluminense no âmbito da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio.

Segundo a Procuradoria, o grupo chefiado por Cabral teria recebido pouco mais de R$ 16 milhões em propina somente na área da saúde. Além do ex-governador, podem se tornar réus no processo o ex-secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, além dos investigados César Romero, Carlos Miranda, Carlos Bezerra, Miguel Iskin e Gustavo Estellita.

O inquérito faz parte da Operação Fatura Exposta, realizada em 11 de abril desse ano. Essa ação realizada pela PF é um desdobramento de uma outra investigação, a da Operação Calicute, que levou Cabral à prisão, em novembro do ano passado.

O MPF informou ter identificado o "modus operandi" da organização criminosa chefiada por Cabral, que cobrava 5% sobre todos os contratos firmados pelo Estado. Na saúde, o esquema seria operado por Côrtes e por Romero, ex-secretário e subsecretário da pasta.

A dupla atuava, de acordo com a denúncia, para direcionar as licitações de serviços e equipamentos médicos a um cartel organizado pelos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita, sócios nas empresas Oscar Iskin Ltda. e Sheriff Serviços e Participações.

Os empresários seriam os responsáveis por trazer ao país as empresas estrangeiras que participavam das licitações internacionais, que eram divulgadas apenas no Brasil. As empresas se articulavam entre si, fazendo um rodízio que privilegiava cada uma delas por vez. Em função do arranjo, os envolvidos sabiam quanto cada empresa cobraria pelos produtos antes mesmo de sair a cotação do pregão internacional.

Miranda e Bezerra eram os encarregados de distribuir a propina paga pelos empresários, em um total de mais de R$ 16,2 milhões, cálculos feitos sobre os manuscritos contábeis da organização.

Além de Cabral, o ex-secretário e o subsecretário também recebiam, respectivamente, 2% e 1% sobre os valores dos contratos da saúde. Os pagamentos eram recebidos e repassados pelos operadores mensalmente e variavam entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, de acordo com o MPF.

Ao UOL, o escritório Fragoso Advogados, que defende Cabral no processo, informou que o cliente só vai se manifestar quando estiver em Juízo. A reportagem ainda não conseguiu contato com os advogados dos demais acusados.