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PSDB terá prejuízos assim como o PT, diz ex-tucano Alvaro Dias

Alvaro Dias ingressou no PV em janeiro de 2016 após 12 anos de PSDB - Jefferson Rudy/Agência Senado
Alvaro Dias ingressou no PV em janeiro de 2016 após 12 anos de PSDB Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

18/05/2017 12h13

A denúncia de que o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, teria pedido R$ 2 milhões a donos do frigorífico JBS irá atingir a imagem do PSDB, segundo o senador Alvaro Dias (PV-PR), que deixou o partido no início do ano passado. “As consequências são devastadoras. Há prejuízos a médio prazo, a exemplo do que ocorre com o PT”, disse ao UOL por telefone.

A operação da PF (Polícia Federal) realizada na manhã desta quinta-feira (18) também é importante para mostrar que a Operação Lava Jato não é contra um partido específico. “[Ela] revela que não há nenhuma seletividade, como alguns teimavam em afirmar. A Lava Jato realmente não está olhando siglas.”

O envolvimento direto de um dos principais nomes do tucanato na Lava Jato, porém, não igualaria o PSDB ao PT, na visão de Dias. “O PT foi o condutor do processo e que praticou o crime da banalização da corrupção. Esse talvez tenha sido o maior crime praticado contra o país: a banalização da corrupção.”

Para o senador, os petistas “passaram a ideia da impunidade absoluta, que estimulou a corrupção”. “Por isso, os partidos vieram na esteira dessa conduta petista.”

Aécio Neves foi gravado por dono do frigorífico JBS

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Mudança no eleitorado

Os eleitores devem mudar o comportamento no momento de escolher candidatos a partir das denúncias envolvendo os grandes partidos, que serão “rejeitados”, segundo Dias. “Se, antes, a população julgava apenas candidatos, agora ela também julgará partidos”.

Isso faz com que o cenário para a eleição presidencial de 2018 fique parecido com o de 1989, quando havia mais de duas dezenas de candidatos, e o vencedor foi o atual senador Fernando Collor, que disputou o pleito por um partido nanico, o PRN. “As alternativas mais distantes do establishment terão mais espaço de crescimento.”

Por essa razão, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), não ganharia espaço com a saída de Aécio da disputa, na visão do senador

[Doria] carregará o peso enorme do PSDB. A ele, não faltará a indagação: ‘onde o senhor estava quando o país estava sendo assaltado?'

Alvaro Dias, senador (PV-PR)

Saída de Temer

Sobre as revelações de que o presidente Michel Temer (PMDB) pediu aos donos da JBS pagamentos para o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dias vê a situação dele como insustentável para se manter no cargo.

O senador acredita que a alternativa menos “traumática” para a população seria Temer renunciar ao cargo.

“Eu tenho alguma dificuldade para acreditar na renúncia, mas eu acho que ela não pode ser descartada. O cargo é um guarda-chuva”, comentou.

No caso de o presidente não renunciar, “o processo de impeachment tem que ser instaurado imediatamente”, na visão de Dias, que lembra: “ele é lento e traumático”.

Se Temer perder mandato, Congresso convoca eleição em 30 dias

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