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Executivo da JBS diz que governador do RS recebeu doação da propina de Aécio

José Ivo Sartori (PMDB) e Aécio Neves (PSDB), em ato da campanha de 2014 - Itamar Aguiar/Estadão Conteúdo
José Ivo Sartori (PMDB) e Aécio Neves (PSDB), em ato da campanha de 2014 Imagem: Itamar Aguiar/Estadão Conteúdo

Flávio Ilha

Colaboração para o UOL em Porto Alegre

20/05/2017 16h48

O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), foi citado pelo executivo da JBS Ricardo Saud como beneficiário de uma “doação oficial dissimulada” de R$ 1,5 milhão na campanha eleitoral de 2014. O dinheiro teria sido desviado, segundo o depoimento de Saud à Procuradoria Geral da República, da propina paga ao senador tucano Aécio Neves.

No depoimento, o executivo conta que o pedido de doação “dissimulada” foi feito pelo próprio senador --o PMDB gaúcho apoiou a eleição de Aécio Neves na disputa presidencial de 2014. “Lá o Ivo Sartori era dissidente, porque o PT tinha candidato lá. Aí Aécio deu R$ 1,5 milhão desse dinheiro, dessa propina, pro Sartori”, diz Saud em um vídeo divulgado pela PGR.

Saud não detalha o que é “doação dissimulada” e nem informou de que valores o senador Aécio Neves retirou a parcela transferida para a candidatura do peemedebista. Durante a campanha, Aécio foi recebido pelo menos quatro vezes em comícios do PMDB no Rio Grande do Sul.

Nas contas de campanha de Sartori, a JBS aparece como doadora de R$ 164 mil em quatro depósitos no dia 5 de outubro. Nos dias 17 e 24 de outubro, há mais dois depósitos respectivamente de R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. Foram as maiores doações individuais da campanha, justamente no fim do processo eleitoral.

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Por meio de suas redes sociais, o governador justificou que os recursos foram doados “com recibo e dentro da legalidade” e que nunca participou “desse mar de lama”. “Minha honra é meu maior patrimônio. Não me misturem com essa gente”, escreveu.

O tesoureiro da campanha de Sartori, João Carlos Bona Garcia, também justificou que as transferências foram feitas “dentro da legislação vigente, através de transferência eletrônica, saindo diretamente da conta da empresa para a conta da candidatura”. Segundo ele, “a origem dos valores foi dada como legal”.