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Atos contra Temer têm baixa adesão no Rio e no DF

Ato contra o governo Temer em Copacabana - Hanrrikson Andrade/UOL
Ato contra o governo Temer em Copacabana Imagem: Hanrrikson Andrade/UOL

Hanrrikson de Andrade e Jéssica Nascimento

Do UOL, no Rio e colaboração para o UOL, em Brasília

21/05/2017 11h27Atualizada em 21/05/2017 15h49

Os atos organizados por movimentos de esquerda contra o governo de Michel Temer (PMDB) e a favor de eleições diretas, no Rio de Janeiro e em Brasília na manhã deste domingo (21), tiveram pouca adesão. As mobilizações pacíficas iniciaram por volta de 10h e, às 13h, os participantes começavam a dispersar. 

Em São Paulo, o ato foi marcado para as 15h no Masp. O Vem Pra Rua, grupo de direita que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, havia feito uma convocação para o mesmo local, mas retirou-a na sexta (19), alegando "motivos de segurança". O movimento nega recuo, prometendo uma nova data, ainda não marcada.

Rio de Janeiro

Um ato iniciado às 10h pelo Muspe (movimento dos servidores do Rio, que reúne policiais, bombeiros e outras categorias que estão sem salário) reuniu cerca de cem pessoas e um carro de som na av. Atlântica, na altura do Copacabana Palace, em frente à praia. Alguns manifestantes carregavam bandeiras de centrais sindicais. O protesto foi pacífico, apesar de um grande efetivo de policiais militares. A PM ainda não divulgou números sobre o ato.

Dirigente do movimento, Alzimar Andrade afirmou que o público reduzido pode estar relacionado com as cenas de violência que ocorreram no fim do protesto da última sexta-feira (21). "A Tropa de Choque sempre faz isso, talvez as pessoas tenham ficado com medo. E ainda tem o grupo de infiltrados que sempre age para 'zonear' os nossos atos. Mas isso não pode ser um impeditivo. Sem dúvida, as imagens da última sexta assustam. Mas a luta tem que ser na rua", afirmou ele.

"Esse é um ato que deveria ter milhares de pessoas. Infelizmente, mais uma vez, temos um número reduzido. Enquanto o cidadão preferir pegar praia ou ficar em casa vendo televisão, esse país não vai mudar. As pessoas não podem esperar que o partido convoque, que o governo convoque ou que o amigo convoque. A população está dormindo", completou.

A manifestante Marilda Carvalho pediu a palavra no carro de som e também criticou a baixa adesão. "Estou vendo que tem pouca gente aqui. Não pode ser assim. Enquanto isso acontecer, nada vai mudar", afirmou ela.

À tarde, cerca de 60 manifestantes se concentraram na saída da estação do metrô São Conrado, na zona sul carioca, nos arredores da favela da Rocinha. Por volta de 15h40, o grupo iniciou a caminhada até a casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB). Além de manifestantes com faixas e cartazes de movimentos sociais e partidos de esquerda, participaram do ato pessoas ligadas a centrais sindicais.

Ato BSB - Jéssica Nascimento/Colaboração para o UOL - Jéssica Nascimento/Colaboração para o UOL
Além do "Fora, Temer", manifestantes em Brasília defendem candidatura de Lula (PT)
Imagem: Jéssica Nascimento/Colaboração para o UOL

Brasília

Poucos manifestantes se reuniram no Museu Nacional, em Brasília, também em clima pacífico. Cerca de 250 pessoas foram no local, segundo a PM - a Secretaria de Segurança Pública aguardava mil pessoas. Havia um carro de som no local, onde os participantes permaneceram sem fazer caminhadas (anteriormente, havia sido anunciado um deslocamento até o Congresso). 

No trio elétrico, a presidente da CONDSEF (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) criticou Aécio Neves. Mineira, ela garantiu que o senador afastado destruiu o Estado. "Esse homem [Aécio] acabou com a economia de Minas Gerais. Ele dominou a mídia e todos os crimes foram jogados por debaixo do tapete. Foi preciso o dono de um frigorífico dar nome 'aos bois' para o país perceber o que estava acontecendo."

A servidora pública Talita Victor, 33 anos, participou dos protestos fantasiada de Chapolin Colorado. Com um alto-falante, ela cantava palavras de ordem: "Ei você aí, o Temer vai cair". "Se o povo não se manifestar muito forte, o acordo das elites vai tratar de fazer uma outra eleição indireta e outro golpe vai acontecer. As manifestações têm que crescer ao longo da semana. Eu acredito que só o povo vai conseguir tirar o presidente do cargo”, afirmou.

Também fantasiado, o engenheiro agrônomo Vinicius Vitoi, 54, foi como a vaquinha "Zezebel" – criação própria, na qual ele investiu R$ 150. Ela existe desde que a Polícia Federal decretou a operação "Carne Fraca". "A fantasia faz sucesso para caramba. Faço questão de levá-la em todas as manifestações. A Zezebel é totalmente a favor da saída do Temer do poder."

Belo Horizonte

Na capital mineira, o encontro foi na praça da Liberdade. Os participantes caminharam então até a praça Sete de Setembro. Segundo os organizadores, 50 mil pessoas estiveram na manifestação. A informação não foi confirmada pela Polícia Militar.

Temer investigado

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) decidiu entrar com um pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados. Para a OAB, Temer cometeu crime de responsabilidade ao não comunicar autoridades competentes sobre a conversa que teve com o empresário Joesley Batista.

Outros nove pedidos já foram protocolados na Câmara. O presidente da Casa, Rodrigo Mais (DEM-RJ), aliado de Temer, vai decidir se aceita ou não os pedidos. Não há prazo para essa decisão.

A conversa entre Temer e Joesley foi gravada pelo próprio empresário e anexada à delação premiada do dono do grupo JBS, homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, autorizou a abertura de inquérito para investigar se Temer cometeu os crimes de corrupção passiva, obstrução de justiça e formação de organização criminosa. Temer pediu a suspensão do inquérito. O plenário do STF analisa a questão na quarta (24).

No encontro que aconteceu no Palácio do Jaburu, residência de Temer, Joesley falou sobre uma mesada paga ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado na Lava Jato, e sobre a tentativa de interferir em investigações contra o grupo empresarial comandado por Joesley. O empresário fala em "segurar" dois juízes. Temer responde: "ótimo".

O presidente diz que não cometeu crime e chamou o delator de "falastrão".