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"No Brasil, o fato de você ser inocente, é ser culpado", diz Lula

Lula Marques/Agência PT
Imagem: Lula Marques/Agência PT

Do UOL, em São Paulo

03/06/2017 17h09Atualizada em 03/06/2017 18h38

Em discurso durante o encerramento do 6º Congresso Nacional do PT na tarde deste sábado (3), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o pedido do Ministério Público Federal por sua condenação no caso do tríplex.

"Em qualquer lugar do mundo, a pessoa precisa ter provas para indicar ou pedir prisão. Aqui no Brasil, o fato de você ser inocente, é ser culpado", afirmou.

Lula falou logo após a senadora paranaense Gleisi Hoffmann ser eleita presidente do partido pelos próximos dois anos.

"Eu tenho uma história nesse país. Não tenho nada contra o Ministério Público, até ajudei a fortalecê-lo. O que eu tenho é contra as 'meninices' dos procuradores da Lava Jato", disse. "Eles estão desafiados a encontrar um dólar, um peso, um real de propina nas minhas contas".

Lula também criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao citar a prisão do procurador Ângelo Goulart Villela, acusado de repassar à JBS informações sobre investigações à empresa.

"Eu não sei se o procurador-geral da república, que tinha um amigo procurador que foi preso, eu não sei a teoria do domínio do fato vale para ele", disse Lula.

A teoria do domínio do fato foi usada no julgamento do mensalão para condenar o ex-ministro petista José Dirceu. De acordo com a teoria, o líder de uma organização pode ser condenado não por participar diretamente de um crime, mas por ser o superior hierárquico dos envolvidos.

O ex-presidente finalizou parabenizando Gleisi --que também é ré na Lava Jato-- e disse que os opositores do partido terão uma 'lição amarga'. "Agora que o PT está assumindo a responsabilidade, depois de 37 anos, de ter a primeira mulher presidente, é que eles vão saber como esse partido será daqui pra frente, mais ousado, mais aguerrido e muito mais bonito", afirmou Lula.

Após o discurso, Lula foi abordado por jornalistas e questionado sobre o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que começa na terça-feira (6), mas não respondeu.

Caso do tríplex

O MPF entregou, na noite desta sexta-feira (2), as alegações finais do processo em que Lula responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no chamado caso do tríplex. O MPF pediu ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, que Lula seja condenado. Ele é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina por conta de três contratos entre a OAS e a Petrobras.

Segundo o documento, o MPF pede a condenação de Lula pela prática de corrupção passiva três vezes e pelo de lavagem de dinheiro outras 34 vezes. A Procuradoria pede condenação à prisão, em regime fechado. Além disso, solicita a Moro que o ex-presidente pague R$ 87.624.971,26, que seria "correspondente ao valor total da porcentagem da propina paga pela OAS". O ex-presidente nega todas as acusações.

O MPF alega que os valores foram repassados a Lula por meio da reforma de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) --que seria propriedade do petista, segundo a procuradoria-- e do pagamento do armazenamento de bens, como presentes recebidos, no período em que ele era presidente. A sentença de Moro neste processo está prevista para após o dia 20 de junho, quando se encerra o prazo para a defesa do ex-presidente apresentar também suas alegações finais.

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