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Relator da reforma trabalhista pede desembarque do PSDB: "crise insustentável"

Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) - Eduardo Anizelli/Folhapress
Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília*

12/06/2017 18h21Atualizada em 12/06/2017 19h36

Relator da reforma trabalhista proposta pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB) em duas das três comissões no Senado em que o projeto precisa tramitar antes de ir à votação no plenário, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) defendeu nesta segunda-feira (12) que o PSDB entregue os cargos no governo federal por conta das "denúncias devastadoras" contra o peemedebista.

A manifestação ocorreu antes do início da reunião da Executiva do PSDB, em Brasília, na qual os tucanos discutem a continuidade ou não do apoio ao governo Temer. "É uma crise insustentável, as denúncias são devastadoras, e o governo não encontrará tempo para se organizar em torno da agenda que nós precisamos. Todo o tempo do governo será dedicado à sua defesa, e isso compromete esse processo e a evolução das reformas que o Brasil necessita", declarou Ferraço.

Com quatro ministros e a terceira maior bancada do Congresso, com 11 senadores e 47 deputados federais, a legenda é a principal aliada do PMDB no governo federal.

"Nós precisamos olhar para a vida como ela é e não como nós gostaríamos como ela fosse. Toda vez que você tem fatos, e quando eles são fortes como são, nós precisamos rever as nossas crenças. Então não dá para você olhar para o ambiente e achar que somente a preocupação com o dia seguinte deve se estabelecer num momento como esse. Os fatos indicam que, na prática, o partido deve entregar os cargos para que a gente possa continuar lutando pelas reformas", argumentou o senador.

12.jun.2017 - Ao lado de prefeitos, governadores e ministros, senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, discursa durante plenária do partido em Brasília. A legenda decide se fica ou sai do governo Temer - Divulgação/PSDB - Divulgação/PSDB
Senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, discursa durante plenária do partido em Brasília
Imagem: Divulgação/PSDB
Questionado sobre o possível reflexo de um rompimento com o governo nas eleições presidenciais do ano que vem, Ferraço limitou-se a dizer que cada escolha tem sua consequência. "Espero sinceramente que nós possamos fazer um duro debate, mas que a gente possa escolher aquilo que deve ser feito", disse Ferraço.

Todos os tucanos que compõem o ministério de Michel Temer estão na reunião desta segunda: Bruno Araújo (Cidades), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Secretaria de Direitos Humanos). Além disso, estão presentes, além do presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), outros nomes importantes do partido como os senadores Antonio Anastasia (MG) e José Serra (SP), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria.

Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB, está em Brasília, mas não compareceu ao encontro. O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso também está ausente, devido a compromissos da Fundação FHC em São Paulo.

* Com informações do Estadão Conteúdo