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Governo muda estratégia e diz que quórum para votar denúncia não é problema

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Luciana Amaral e Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

13/07/2017 11h53Atualizada em 13/07/2017 12h30

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), afirmou na manhã desta quinta-feira (13) que o governo não tem pressa para que o plenário da Câmara avalie a admissibilidade da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva.

"Quem tem que colocar quórum é quem quer receber a denúncia. Nós vamos ter uma vitória magistral na CCJ e depois o problema do quórum é problema de quem quer a denúncia, e não nosso", afirmou Padilha nesta quinta-feira (13).

Questionado se o governo não se incomodava em deixar a votação em plenário para agosto, o ministro afirmou que "pode ser agora, pode ser agosto".

O desejo inicial do Palácio do Planalto era que a denúncia fosse votada no plenário nesta sexta-feira (14) ou, no máximo, na próxima segunda-feira (17). A sinalização do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que só colocaria a votação com 342 deputados do plenário, no entanto, preocupou líderes da base aliada.

Segundo o Padilha, a necessidade de se ter 342 deputados para votar a denúncia em plenário é uma decisão pessoal do presidente da Câmara e cabe ao governo resignar-se.

Após as declarações, o presidente Temer se reuniu no Planalto com o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

"Soldado do presidente"

Como Padilha, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), também falou que a presença de 342 deputados em plenário não é uma questão que concerne ao governo, mas à oposição. Segundo ele, a base aliada está pronta porque o Brasil precisa de “trabalho”.

“Se a oposição deseja tanto afastar o presidente, que compareça em plenário hoje à noite, amanhã de manhã, na hora que for convocado, e faça a votação da matéria. A responsabilidade de apresentar-se para votar a matéria é da oposição.”

Questionado por jornalistas se voltará à Câmara para a votação da denúncia, Barros disse que a decisão é de Temer, mas que está pronto para se licenciar do ministério.

“Sou um soldado do presidente. Ele é quem me nomeia e me exonera. Estou à disposição como um membro do Partido Progressista que fechou questão a favor de rejeitar essa denúncia para cumprir o meu papel. Eu represento o PP no ministério. Eu represento a bancada do partido. Portanto, farei aquilo que for determinado pela bancada e pelo nosso presidente”, afirmou.

Para o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), que é vice-líder do governo na Câmara, "é possível" que a votação da denúncia aconteça apenas no mês que vem, após o recesso parlamentar.

"A oposição está liberando os seus deputados para ir embora. Denuncia, atrapalha um pouco o Brasil, e vai embora, não quer votar. Aí não tem milagre. Sexta-feira, recesso, e a oposição foge do voto. Não sei por que. Acho que estão com medo. Isso não está fechado, mas é possível. E a responsabilidade de 342 [votos] é da oposição", declarou.

A possibilidade de que a SIP (Solicitação de Instauração de Processo) enviada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) seja colocada em votação amanhã foi classificada pelo peemedebista como "pouco provável".

"Porque os regimentalistas da Câmara não conseguiram convergir se abre [a sessão plenária] com [quórum de] 257 ou 342 [deputados]. Não está claro", justificou. "Eu quero a oposição no plenário para o bem do Brasil, mas ela não vem", completou.