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Eike depõe e se nega a responder pergunta da defesa de Cunha sobre esquema na Caixa

17.jul.2017 - Empresário Eike Batista deixa prédio da Justiça Federal no Rio de Janeiro após depor em ação em que o ex-deputado Eduardo Cunha é réu - Ellan Lustosa/Codigo19/Folhapress
17.jul.2017 - Empresário Eike Batista deixa prédio da Justiça Federal no Rio de Janeiro após depor em ação em que o ex-deputado Eduardo Cunha é réu Imagem: Ellan Lustosa/Codigo19/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

17/07/2017 16h50Atualizada em 17/07/2017 20h49

Em depoimento à Justiça Federal nesta segunda-feira (17), o empresário Eike Batista se negou a responder à pergunta da defesa do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre se a Caixa Econômica liberou financiamento a uma de suas empresas após ele participar de um jantar com executivos e o então presidente do banco, Jorge Hereda.

A empresa de logística do grupo de Eike Batista, a LLX, realizou uma operação de emissão de títulos de dívida (debêntures) adquiridos pelo FI-FGTS, fundo de investimentos ligado ao FGTS, controlado pela Caixa. O empresário Alexandre Margotto afirmou, em delação premiada, que Eike Batista pagou propina ao corretor Lúcio Funaro e ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que o FI-FGTS investisse, em 2012, R$ 750 milhões na empresa

Eike se negou a responder a pergunta com base em orientação de seus advogados, que argumentaram que a questão não tinha relação com os fatos no processo. 

A defesa de Cunha rebateu, afirmando que o objetivo da pergunta era saber se a empresa de Eike obteve o financiamento sem precisar da influência de Cunha. O ex-deputado é acusado de ter negociado propina para a liberação de recursos ligados à Caixa.

Apesar do silêncio em relação a essa questão, Eike negou ter pagado propina para conseguir o financiamento do FI-FGTS. “Absolutamente não”, afirmou o empresário.

No depoimento, Eike também negou ter qualquer relação pessoal com Eduardo Cunha e disse não conhecer Lúcio Funaro, operador do ex-deputado. "Não tenho relação nenhuma, nenhum contato telefônico, não visito a casa dele e nem ele a minha", disse sobre Cunha.

Em seguida, negou ter tido um encontro com Funaro em Nova York. "Posso ter esbarrado com ele em algum restaurante por acaso, mas não o conheço e não lembro de ter encontrado ele em Nova York."

Na versão do delator, Funaro e Eike jantaram em Nova York. A reunião, revelada a Margotto por Funaro, teria sido intermediada por Joesley Batista, da holding J&F, que teria participado do encontro. Eike também afirmou não conhecer Margotto.

Eike foi ouvido nesta segunda-feira como testemunha no processo em que o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB) são acusados de participar de um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal para liberação de recursos do FI-FGTS, fundo de investimento estatal.

A denúncia contra Cunha e Alves teve como base as investigações da Operação Sepsis. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), entre os anos de 2011 e 2015, o então deputado Eduardo Cunha atuou em um esquema de cobrança de propina a empresas beneficiadas pela Caixa Econômica Federal e ao FI-FGTS. O esquema teria contado com a participação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal que posteriormente assinou um acordo de delação premiada.

Além de Cleto, Cunha e Alves, também foram denunciados no processo o corretor Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB, e o empresário Alexandre Margotto, que firmou acordo de colaboração premiada.

Eduardo Cunha tem negado o envolvimento em qualquer prática ilegal. A reportagem do UOL não conseguiu entrar em contato com a defesa de Henrique Alves.

Eike não é investigado neste processo contra Cunha e Henrique Alves. O empresário foi ouvido como testemunha, convocado pela defesa de Lúcio Funaro.

* Com Estadão Conteúdo