Lobista diz que intermediou R$ 11,5 mi em propinas para Renan, Jader e Aníbal Gomes
O lobista Jorge Luz disse nesta quarta-feira (19), em depoimento ao juiz Sergio Moro, ter intermediado um total de R$ 11,5 milhões em propinas para os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), além do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE). Os pagamentos seriam relativos a esquemas de corrupção envolvendo contratos de compra e operação de navios-sonda pela Petrobras.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Renan Calheiros disse que a acusação é "totalmente infundada". Jader Barbalho chamou Luz de "bandido" e afirmou não ter relacionamento com ele. A reportagem não conseguiu contato com Aníbal Gomes (veja mais sobre as defesas abaixo).
Segundo Luz, o esquema teria sido armado entre o fim de 2005 e o começo de 2006. A propina teria sido paga em troca de apoio dos políticos à manutenção de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró em cargos de direção na Petrobras. Ambos foram presos nas primeiras fases da Lava Jato e depois tornaram-se delatores nas investigações.
"Esse dinheiro já era de uma negociação que já tinha sido feita, eu descobri depois, tinha sido uma negociação do senhor Fernando Soares junto à Samsung, através do seu representante Júlio Camargo", disse Luz.
A Samsung foi contratada pela Petrobras para a construção do navio-sonda Petrobras 10.000. Camargo e Soares, conhecido como Fernando Baiano, têm acordos de delação premiada na Lava Jato.
Luz disse que participou do esquema repassando para Soares as contas indicadas por Aníbal Gomes para a recepção das propinas. Soares, por sua vez, indicava as contas para Camargo concretizar os pagamentos. Luz ainda disse que "político não tem conta no exterior".
"Burros são os empresários que têm, porque achavam que estavam acima do bem e do mal", afirmou.
"Uma pessoa velha não consegue mentir"
Ao fim de um depoimento de quase uma hora a Moro, Jorge Luz disse que "já há algum tempo" gostaria de ter falado sobre o assunto.
"Uma pessoa velha como eu não consegue mentir porque não tem mais memória, não consegue fugir das pessoas que fazem qualquer coisa porque não tem mais pernas", afirmou.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato no MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná), Jorge e Bruno Luz, seu filho, intermediaram propinas para parlamentares e funcionários da Petrobras. Eles teriam usado contas na Suíça para receber o dinheiro.
Jorge e Bruno Luz estão detidos em Curitiba, onde cumprem prisão preventiva depois de terem sido detidos em fevereiro. Segundo os procuradores da Lava Jato, em dez anos, pai e filho intermediaram US$ 40 milhões (R$ 125,9 milhões) em propinas para políticos e executivos da Petrobras.
Segundo a denúncia do MPF-PR, só o esquema envolvendo a compra do navio-sonda Petrobras 10.000 teria movimentado, no total, US$ 15 milhões (R$ 47,2 milhões). Já o total da vantagem indevida relativa à compra do navio-sonda Vitória 10.000, também junto à Samsung, chegaria a US$ 25 milhões (R$ 78,7 milhões).
Cerveró já havia acusado Renan
No primeiro depoimento a Moro como delator da Operação Lava Jato, Nestor Cerveró acusou Renan Calheiros de envolvimento em irregularidades na contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 junto à Samsung. "Foi o Jorge Luz o encarregado de pagar o senador Renan Calheiros, o senador...", disse.
Em fevereiro, quando Jorge e Bruno Luz foram presos, Renan afirmou por meio de nota que “a chance de se encontrar qualquer irregularidade em suas contas pessoais ou eleitorais igual a zero”. O senador dise ainda que “todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais”. Sobre sua relação com Luz, o peemedebista disse que “embora conheça a pessoa mencionada no noticiário, não o vê há 25 anos” e afirmou não ter nenhum operador.
Outro lado
Nesta quarta-feira, o senador Renan Calheiros negou as acusações feitas por Jorge Luz. "O senador Renan afirma que conheceu Jorge Luz há mais de 20 anos e desde então nunca mais o encontrou ou falou com ele. Diz ainda que não conhece nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao juiz Sergio Moro como testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu nome é totalmente infundada", diz nota enviada por sua assessoria de imprensa ao UOL.
Jader Barbalho, por sua vez, foi enfático ao chamar Jorge Luz de "bandido". O senador disse ter conhecido Luz em 1983, quando o lobista tinha uma empresa que prestava serviços para o Estado do Pará. Desde então, afirmou que não teve "relacionamento nenhum" com Luz.
"Esses bandidos querem se livrar da Justiça e ficam inventando história, inventando história para o Sergio Moro, para vocês da imprensa", disse. "Não viu esse outro bandido que o [procurador-geral da República, Rodrigo] Janot deixou escapar? Está rindo da cara de todos nós."
A reportagem ligou na noite desta quarta-feira para dois números de telefone celular que seriam do deputado Aníbal Gomes, mas não teve resposta.
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