Topo

Temer embarca para a Argentina; Brasil assumirá presidência do Mercosul

Temer se encontrou com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, em outubro de 2016 - Analia Garelli/Xinhua
Temer se encontrou com o presidente da Argentina, Mauricio Macri, em outubro de 2016 Imagem: Analia Garelli/Xinhua

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

20/07/2017 18h04

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), viajou na tarde desta quinta-feira (20) para a 50ª cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina, em que o Brasil assumirá a presidência rotativa do bloco. O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela fazia parte do bloco sul-americano, mas foi suspensa em dezembro do ano passado, pois o país não teria cumprido todos os acordos de adesão.

Enquanto Michel Temer estiver fora do país, o presidente em exercício será o presidente da Câmara, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessória. Maia não foi à base aérea de Brasília para a transmissão simbólica do cargo porque está no Rio de Janeiro. O retorno de Temer ao Brasil está previsto para a tarde desta sexta-feira (21).

Esta é a segunda vez de Temer na Argentina. Em outubro do ano passado, ele realizou uma visita bilateral relâmpago para Buenos Aires, onde foi recebido pelo presidente argentino, Mauricio Macri. Na ocasião, eles trataram sobre economia, a fronteira entre os dois países e a situação do Mercosul.

Brasil na presidência

Nesta sexta-feira, o Brasil assumirá a presidência do Mercosul, antes sob responsabilidade da Argentina. O mandato terá duração de seis meses. Segundo a Presidência da República, a prioridade do Brasil no comando do bloco será fortalecer a integração econômica e comercial, os princípios democráticos e os direitos humanos na região. Todos esses aspectos fazem parte dos preceitos originais do Mercosul, fundado em 1991 por meio do Tratado de Assunção.

No plano econômico, o Brasil ressaltará a importância de se concluir o acordo que permite a empresas brasileiras participarem de licitações do governo argentino, com a mesma contrapartida, além de eliminar barreiras de comércio, como as fitossanitárias, e harmonizar normas técnicas.

Quanto à agenda externa do Mercosul, a presidência brasileira continuará a priorizar negociações com a União Europeia. Outro ponto será dar mais ênfase aos acordos do Mercosul com a Associação Europeia de Livre Comércio, cujos integrantes são Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, e a Aliança do Pacífico, composto por México, Peru, Chile e Colômbia. Novas frentes de negociação também deverão ser criadas, em especial, com o Canadá e países asiáticos.

Venezuela no centro das discussões

Um tema que deverá ser central nas discussões do Mercosul é a atual situação da Venezuela. Isso porque o país enfrenta forte crise econômica e política, com escassez de alimentos básicos e conflitos constantes em meio a manifestações. O presidente Nicolás Maduro propôs uma Assembleia Nacional Constituinte para modificar a Constituição venezuelana. A medida foi rejeitada por 98,4% da população em plebiscito realizada pela oposição no domingo (16).

Na segunda-feira (17), o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, em nota, pediu que a constituinte seja cancelada e, a vontade popular, respeitada.

“O governo brasileiro exorta as autoridades venezuelanas a cancelarem a convocação de uma assembleia nacional constituinte, cujas regras violam o direito ao sufrágio universal e o próprio princípio da soberania popular. Reitera a urgência de que sejam assegurados o quanto antes a restauração das competências da Assembleia Nacional, o usufruto pleno das liberdades públicas e a libertação de todos os presos políticos”, afirma.

Importância do Mercosul na economia 

Segundo dados do governo brasileiro, o Mercosul engloba uma população de 291 milhões de habitantes e conta com PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 2,7 trilhões, o que equivaleria à quinta maior economia mundial. De acordo com informações das Nações Unidas, o bloco recebeu 65% dos investimentos estrangeiros diretos na América do Sul em 2016.

Para o Brasil, o Mercosul constitui relevância posto que, no ano passado, 84% das exportações do país para o bloco foram de bens industrializados. Se comparado com as exportações brasileiras de bens industrializados para o resto do mundo, estas representaram 56% do total enviado para fora do país.