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Crivella e Paes trocam farpas e divergem sobre finanças da Prefeitura do Rio

Crivella (PRB), à esquerda, e Paes (PMDB), à direita, trocaram farpas publicamente - UOL
Crivella (PRB), à esquerda, e Paes (PMDB), à direita, trocaram farpas publicamente Imagem: UOL

Do UOL, no Rio

25/07/2017 17h01Atualizada em 25/07/2017 17h01

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), e seu antecessor, Eduardo Paes (PMDB), que governou a cidade entre 2009 e 2016, trocaram acusações, nesta terça-feira (25), em textos sobre a situação financeira do município.

Essa não foi a primeira vez que eles se alfinetaram publicamente. A última troca de farpas havia ocorrido em abril, quando Crivella disse que, em razão da crise no caixa da prefeitura, não teria recursos para pagar os servidores em setembro. Paes rebateu e, em entrevista ao jornal "Extra", declarou que o rival estava "inventando mentiras". 

Em artigo publicado nesta terça no jornal "O Globo", com o título "Rio sem maquiagem", Crivella afirmou ter assumido o governo com um rombo de R$ 3,8 bilhões. Além disso, escreveu que o rival teria cancelado pagamentos de quase R$ 500 milhões de empenho de material entregue, serviços prestados e obras realizadas, transferindo tal dívida para a administração posterior.

"Fui eleito para cuidar das pessoas e não para fazer maquiagem. Herdamos uma situação financeira extremamente difícil."

Paes, por outro lado, afirmou que o adversário tenta "justificar sua incapacidade administrativa responsabilizando e atacando" a administração anterior. O ex-prefeito observou ainda que, no artigo, Crivella cita algumas iniciativas realizadas desde que tomou posse, em janeiro desse ano, mas não conseguiu "apontar uma realização concreta".

"É inacreditável, nesse caso, que depois de sete meses de administração ele não consiga apontar uma realização concreta e nós não consigamos sequer nos lembrar de ao menos uma ideia (repito, uma ideia) que o governo tenha apresentado."

'Maior recessão da história', diz Crivella

Crivella também argumenta, em "O Globo", que o Rio vive "a maior recessão da história" e que, por ter sensibilidade em relação ao problema do desemprego --seriam 450 mil cariocas sem trabalho--, conseguiu impedir o aumento das passagens de ônibus até que "uma auditoria seja feita nas empresas".

Já Paes diz ser equivocada a informação de que o município viveria a mais grave recessão da história. Na visão do ex-prefeito, a situação era pior no biênio 2015-2016, mas ainda assim ele teria obtido resultados expressivos.

"Vivemos a maior recessão da história nos dois últimos anos de meu governo. Em 2015, o Brasil decresceu 3,8% e, em 2016, 3,6%, e com direito a inflação alta. Esse ano, a economia voltou a crescer (pouco) e a inflação é baixa. Mesmo com as dificuldades de 2015 e 2016, não deixamos de dar reajuste aos servidores, tocar e concluir todas as nossas obras, abrir novas escolas e clinicas, assumir dois hospitais do Estado e as Bibliotecas Parque, emprestar dinheiro ao Estado.... Ah! E entregar uma olimpíada de enorme sucesso."

Polêmica do Carnaval

A troca de farpas também teve a polêmica do Carnaval como pano de fundo. Crivella disse ter garantido, apesar da crise, o repasse de R$ 13 milhões para as escolas de samba --na verdade, ele cortou pela metade a subvenção que era dada pelo antecessor às agremiações (R$ 26 milhões).

"O presidente da Liesa comemorou o resultado das negociações e agradeceu a sensibilidade da prefeitura", afirmou o prefeito, em referência a Jorge Castanheira, que comanda a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).

Paes retrucou ao dizer que o corte da verba pública destinada ao Carnaval carioca representava uma "covardia histórica". "Colocar a população contra o Carnaval, dizendo que vai tirar do samba para colocar na educação é de uma covardia histórica."