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Oposição diz que só marca presença em votação se governo conseguir quórum mínimo

Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Imagem: Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Luciana Amaral e Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

02/08/2017 09h32

A oposição declarou nesta quarta-feira (2) que só vai registrar presença no plenário da Câmara se o governo alcançar o quórum mínimo de 342 deputados para abrir a votação da denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), oferecida pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Às 10h22, 168 parlamentares haviam registrado presença na sessão.

“O governo que se rebole para botar o quórum dos 342 votos. Não é responsabilidade nossa. A responsabilidade nossa é debater, ter transparência, exigir que todos se manifestem livremente aqui dentro. Todo mundo tem que mostrar a cara para o Brasil”, disse líder da minoria, José Guimarães (PT-CE).

Às 10h27 havia parlamentares da oposição no plenário da Câmara, mas sem registro de presença no sistema da Casa. A votação propriamente dita só irá ocorrer com o registro de presença de 342 dos 513 deputados. A dúvida tanto no governo como na oposição, porém, é sobre como e quando atingir esse quórum. 

A sessão foi aberta às 9h desta quarta, com a presença de 63 deputados. Deputados da oposição fizeram um protesto no plenário acusando o governo Temer de comprar votos da base aliada. O ato terminou com gritos de "Fora, Temer" e "Diretas já". Guimarães disse que será um “plantão permanente”.

A VOTAÇÃO DA DENUNCIA EM NÚMEROS 

51 deputados na casa para iniciar a sessão


52 deputados registrados no plenário permitem o início da fase de discussão, chamada de ordem do dia


25 minutos para a fala do relator da CCJ que pede a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer


25 minutos para o advogado de defesa do presidente


deputados, no mínimo, discutem o relatório: 2 a favor e 2 contra


257 deputados presentes podem decidir pelo encerramento da discussão


342 deputados registrados no painel é o mínimo para iniciar a votação do relatório


342 votos "não" ao relatório da CCJ são necessários para autorizar o julgamento de Temer pelo STF


513 é o número total de deputados

As suspeitas contra o presidente

O presidente passou a ser investigado a partir das delações premiadas da JBS. O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo, gravou sem o conhecimento de Temer uma conversa com o presidente no palácio do Jaburu, em 7 de março. No diálogo, Temer aparentemente indica Rocha Loures como seu homem de confiança, com quem Joesley poderia tratar de interesses da JBS no governo.

Posteriormente, Loures foi flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil de um executivo da JBS, com quem teria negociado propina que poderia chegar ao valor de R$ 38 milhões, segundo as investigações da Procuradoria-Geral da República.

Para a PGR, Rocha Loures atuou como um intermediário de Temer, tanto na negociação quanto no recebimento da propina. Temer tem negado as acusações contra ele. O presidente chegou a afirmar que a denúncia seria uma peça de "ficção", baseada em "ilações" feitas pela Procuradoria. 

A defesa de Temer contratou o perito Ricardo Molina, que elaborou um laudo afirmando que o áudio de Joesley Batista não poderia ser usado como prova, por conter uma série de interrupções que não permitem reconstituir o diálogo por inteiro, além de não ser possível garantir que a gravação não foi editada. 

Perícia realizada pela Polícia Federal afirmou que o áudio não tem sinais de edição e que as interrupções são compatíveis com o sistema do gravador utilizado, que para e retoma a gravação ao detectar som no ambiente.

A defesa de Rocha Loures tem dito que o recebimento da mala de dinheiro "segundo afirmam, decorreu de armação de Joesley Batista", como afirmou o advogado Cezar Bitencourt, em nota.