Topo

Após maratona com políticos, Temer retoma eventos com empresários por apoio do mercado

Última participação de Temer em eventos empresariais fora de Brasília foi em 30 de maio, no Fórum de Investimentos Brasil 2017 - Eduardo Knapp/Folhapress
Última participação de Temer em eventos empresariais fora de Brasília foi em 30 de maio, no Fórum de Investimentos Brasil 2017 Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/08/2017 04h00

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), vai retomar a participação em eventos empresariais e de entidades financeiras em sua agenda oficial. A iniciativa faz parte da busca por apoio do mercado para votar e aprovar reformas propostas pelo governo, como a da Previdência Social e a tributária.

A presença de Temer nos eventos também tem como objetivo transmitir a preocupação do Planalto em retomar o crescimento da economia e reforçar o discurso de que conseguirá colocar o “Brasil nos trilhos”, segundo assessores do governo. A procura pelo respaldo do mercado acontece ainda em um momento em que o presidente conta com 5% de aprovação da população, segundo pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e divulgada no final de julho.

Outro fator percebido pelo governo é que, com os discursos, Temer colocará o debate das reformas de volta na mídia e reapresentará os argumentos a favor delas para a base aliada no Congresso Nacional.

Nesta terça-feira (8) pela manhã, Temer discursará em um congresso da Fenabrave, representante das concessionárias de automóveis, em São Paulo. Mais tarde, anunciará nova linha de crédito da Caixa Econômica Federal para financiar lotes urbanos, também na capital paulista. Na quarta (9), está prevista a fala do presidente em um encontro nacional de comércio exterior no Rio de Janeiro.

A última participação do presidente Temer em eventos dessa natureza fora de Brasília foi em 30 de maio, no Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo, segundo a agenda oficial divulgada pela assessoria da Presidência. Na ocasião, o peemedebista saiu em defesa da agenda de reformas e afirmou que não há “plano B” para o país.

Depois disso, em junho e principalmente em julho, Temer mudou o foco de seus encontros e passou a fazer "maratonas" para receber políticos em seu gabinete. A estratégia era trazer para seu lado o maior número possível de aliados para a aprovação da reforma trabalhista, no Senado, e para a votação da denúncia feita contra ele pela Procuradoria-Geral da República, na Câmara dos Deputados. Deu certo: a denúncia foi arquivada em sessão na última quarta-feira (02), e a reforma passou pelo Congresso no dia 11 de julho.

Reforma da Previdência como prioridade

Após o arquivamento momentâneo da denúncia contra Temer, o governo vai se voltar à tramitação das reformas no Congresso. Neste domingo (6), ele se reuniu com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, para discutir o calendário de votações no parlamento no segundo semestre.

A reforma da Previdência, parada desde 9 de maio na Câmara, é tida como prioridade. No entanto, Maia já disse que só a colocará em votação quando o governo tiver recomposto a base aliada.

A chamada “simplificação do sistema tributário” está emperrada desde março. Na época, Temer disse que até o final daquele mês editaria uma Medida Provisória para simplificar regras do PIS (Programa de Integração Social) e, até o final do primeiro semestre, editaria outra MP para simplificar o Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Entretanto, nada disso foi feito até agora.

Antes de tocar as duas matérias, porém, deputados defendem a apreciação da reforma política. Deputados e senadores têm pressa para analisar dois projetos que criam um fundo com recursos públicos para o financiamento eleitoral, instalam um sistema eleitoral misto e estabelecem limites para o número de candidatos, entre outros pontos. Isso porque as mudanças precisam ser aprovadas até outubro para valerem já nas próximas eleições, em 2018.