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Recebido com protesto em MT, Temer fala em "diálogo" e pede fim de "animosidade"

Antes do evento, Temer e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, participam da abertura da colheita do algodão - Alan Santos/PR
Antes do evento, Temer e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, participam da abertura da colheita do algodão Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo

11/08/2017 12h35

O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que é preciso eliminar do Brasil a cultura política da "animosidade" durante o lançamento da primeira usina de etanol de milho, em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, na manhã desta sexta-feira (11). Enquanto o evento acontecia, um protesto de caminhoneiros contra a presença de Temer no Estado provocava um congestionamento no sentido sul e norte da BR-163.

Sem citar a manifestação, Temer disse que o governo tem “capacidade de diálogo” com a sociedade brasileira e com o Congresso Nacional e que essa “animosidade” é incompatível com o espírito brasileiro.

“Essa capacidade de diálogo que todos nós temos com a sociedade brasileira, que temos com o Congresso Nacional, me leva a concluir dizendo que no Brasil nós temos que eliminar uma cultura política que se instalou nos últimos tempos, muito negativa para o brasileiro e incompatível com o espírito do brasileiro, que é o da animosidade”, disse.

Temer acrescenta: “Instalou-se uma animosidade, uma divergência, uma litigância, uma litigiosidade entre os brasileiros que não se encontrava no passado. Então nossa tarefa hoje com o crescimento do país é exata e precisamente fazer com que não haja brasileiro contra brasileiro, mas brasileiro com brasileiro.”

À "Agência Estado", um dos líderes do movimento de transportes de grãos do Mato Grosso, o caminhoneiro Gilson Baitaca, afirmou que o protesto é contra o aumento de tributos e as denúncias de corrupção que atingem o presidente. "Temer está inaugurando uma usina, mas não é bem-vindo na nossa cidade pelo fato de estar envolvido nesses atos de corrupção. Ele usou dinheiro da população para comprar o apoio dos deputados e se salvar na cadeira de presidente", disse.

Baitaca disse ainda que os caminhoneiros estavam cumprindo com o dever que têm “com a pátria”. “O presidente está tirando alimento da mesa do trabalhador para cobrir os custos da corrupção", afirmou.

Retomada de agenda com empresários

Com o evento desta sexta-feira (11), Temer dedicou sua agenda dessa semana a empresários. A inauguração da usina de etanol de milho da FS Bioenergia foi o quarto dessa natureza, sendo dois deles em São Paulo e um no Rio de Janeiro.

Todos marcaram a retomada da participação do presidente a esse tipo de eventos após ele conseguir rejeitar a denúncia de corrupção passiva que pairava contra ele na Câmara dos Deputados.

A iniciativa faz parte da busca por apoio do mercado para votar e aprovar reformas propostas pelo governo, como a da Previdência Social e a tributária. A presença de Temer nos eventos também tem como objetivo transmitir a preocupação do Planalto em retomar o crescimento da economia e reforçar o discurso de que conseguirá colocar o "Brasil nos trilhos", segundo assessores do governo.

A procura pelo respaldo do mercado acontece ainda em um momento em que o presidente conta com 5% de aprovação da população, segundo pesquisa Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e divulgada no final de julho.