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Sob ameaça de perder benefícios, Joesley e mais 2 delatores prestam depoimento em Brasília

Joesley acena ao chegar a Brasília para prestar depoimento - Pedro Ladeira/Folhapress
Joesley acena ao chegar a Brasília para prestar depoimento Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

07/09/2017 10h39Atualizada em 08/09/2017 17h02

Os executivos do grupo J&F Joesley Batista e Ricardo Saud chegaram à PGR (Procuradoria Geral da República) na manhã desta quinta-feira (7) para prestar novos depoimentos. Além deles Francisco de Assis e Silva, advogado do grupo que participou das negociações da delação, também será ouvido. Os três são delatores.

A ida deles à PGR foi definida após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciar uma investigação sobre a possível omissão de crimes por parte dos executivos que não foram revelados durante o acordo de delação premiada entre a PGR e o grupo.

Joesley e Saud chegaram a Brasília por volta das 9h40. O depoimento da dupla faz parte da investigação anunciada por Janot na última segunda-feira (4). Não há previsão para o fim dos depoimentos.

Áudios entregues pela defesa do grupo J&F como parte da complementação do acordo de delação premiada revelaram conversas entre Joesley e Saud nas quais eles falam sobre a suposta atuação do ex-procurador federal Marcelo Miller junto ao grupo antes de ele deixar o MPF (Ministério Público Federal) e sobre a possibilidade de Janot ter conhecimento do plano do grupo para delatar políticos.

Os dois também faziam menções a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao anunciar a investigação sobre as omissões da dupla, Janot disse que, a depender do que for constatado, é possível que o acordo de delação do grupo seja revisto.

Entre as consequências práticas dessa revisão estaria a possível suspensão dos benefícios concedidos aos executivos do grupo como a imunidade penal, que impede os delatores de serem presos pelos crimes que eles revelaram, por exemplo.

Ao longo da semana, Joesley e Saud emitiram uma nota oficial na qual eles afirmaram que as conversas sobre as atuações de Miller, Janot e as menções feitas a ministros do STF não eram verdadeiras.

Na última quarta-feira (6), ministros do STF defenderam a suspensão dos benefícios concedidos aos executivos do grupo, mas sustentaram que as provas oferecidas pelo grupo até agora precisam continuar válidas. O ministro Luiz Fux chegou a sugerir que Joesley e Saud deveriam ser presos.
 

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