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Preso pela 2ª vez, Geddel já usou família e lágrimas para evitar a cadeia

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) chora durante depoimento - Reprodução
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) chora durante depoimento Imagem: Reprodução

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

08/09/2017 15h39

Preso novamente nesta sexta-feira (8), o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) deverá prestar depoimento mais uma vez ao chegar a Brasília.

Amigo pessoal do presidente Michel Temer (PMDB-SP), Geddel deverá ser questionado sobre os R$ 51 milhões encontrados pela PF na última terça-feira (5) em um apartamento em Salvador.

Em seu último depoimento à Justiça Federal do Distrito Federal, o peemedebista chamou a atenção ao falar da família e chorar quando soube que iria ficar preso.

Geddel é investigado pelo suposto recebimento de propina por parte de empresários em troca de facilitação ou liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, banco no qual ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica durante parte do primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo o empresário e delator Lúcio Funaro, Geddel teria recebido ao menos R$ 20 milhões em propinas. Funaro disse que o ex-ministro recebia dinheiro em malas entregues pessoalmente por ele.

No dia 6 de julho, logo após ter sido preso pela primeira vez, Geddel prestou depoimento à Justiça Federal. Aparentando estar emotivo, o homem suspeito de armazenar R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador disse que sua família era "bem formada" e que iria trabalhar para limpar sua reputação para que seu filho pudesse continuar a manter seu nome. 

"Eu tenho uma família extremamente bem formada. Sou filho de advogados, meu pai faleceu há um ano. Meu avô foi juiz, desembargador, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia", disse o ex-ministro.

Em outro momento de seu depoimento, Geddel se lembrou da mulher, dos três filhos e disse que eles dependiam do ex-ministro para se sustentarem. 

"Sou casado, farei 20 anos de casado, no dia 20 próximo. [Tenho] Três filhos, uma menina de 18 anos, uma menina de 14 e meu menino de 7. Evidentemente, minha esposa não tem trabalho e todos precisam de mim para seu sustento financeiro e emocional", disse Geddel, com lágrimas nos olhos.

Questionado sobre as suspeitas de ter pressionado a mulher de Funaro, Raquel Pitta, para que ela evitasse que Funaro aderisse a uma colaboração premiada, Geddel negou que tenha feito algo parecido e disse que, a partir dali, sua missão seria a de fazer com que eu filho continuasse a "sustentar" seu nome.

"Eu tenho um objetivo maior que todos, agora depois dessa medida [prisão] que é fazer com que meu filho cresça sustentando meu nome", disse.

O ápice da emoção demonstrada por Geddel em seu depoimento foi o choro quando o ex-ministro ouviu o juiz federal Vallisney Oliveira dizer que ele continuaria preso em regime fechado. 

A decisão, no entanto, seria revogada alguns dias depois por uma decisão do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) que permitiu que ele voltasse a Salvador e cumprisse prisão em regime domiciliar.

Com a prisão preventiva cumprida nesta sexta-feira, porém, Geddel deverá voltar à Penitenciária da Papuda, em Brasília.