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Com foco em caravanas, PT muda estratégia e espera 4.000 militantes em apoio a Lula em Curitiba

10.mai.2017 - Lula chegou à sede da Justiça Federal em Curitiba cercado de apoiadores - Daniel Castellano/FramePhoto
10.mai.2017 - Lula chegou à sede da Justiça Federal em Curitiba cercado de apoiadores Imagem: Daniel Castellano/FramePhoto

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

12/09/2017 13h02Atualizada em 12/09/2017 16h17

Cerca de 4.000 pessoas devem se concentrar na Praça Generoso Marques em uma tentativa de dar as “boas-vindas” e prestar “solidariedade” ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o 2º depoimento do petista ao juiz Sergio Moro, agendado para esta quarta-feira (13), em Curitiba. O público esperado pelo Partido dos Trabalhadores é cerca de um quinto do registrado no 1º depoimento de Lula ao juiz da primeira instância da Lava Jato, em maio, quando se estimou a presença de 20 mil pessoas para apoiar o ex-presidente.

As lideranças regionais do PT no Paraná confirmam que, após a oitiva, o ex-presidente deve discursar no local. A expectativa é para a chegada de cerca de 50 ônibus do interior do Paraná --caravanas de outros Estados virão apenas por iniciativa própria.

Na quarta, Lula será interrogado no segundo processo em que o político está envolvido na Operação Lava Jato, sobre um esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras.

“Lula não abandona os seus militantes e nem os militantes o abandonam”, resumiu o presidente estadual do PT no Paraná, Dr. Rosinha, em entrevista na manhã desta terça-feira (12) com as lideranças municipais e estaduais do partido.

“Não vamos fazer um ato por causa das denúncias do Palocci [Antônio, ex-ministro do governo Lula], que tem o mesmo peso das denúncias do Léo Pinheiro [empreiteiro da OAS, denunciado na Lava Jato]. Não se trata de um ato para 20 mil pessoas, apenas uma forma de apresentar a nossa luta pela democracia e solidariedade ao presidente.”

Os representantes do partido, porém, não confirmaram como e quando será a chegada do ex-presidente à capital paranaense. “É uma questão de segurança do presidente Lula, que tem se preocupado com isso e não tem divulgado a agenda com antecedência. O processo é debatido com ele e com a direção nacional do PT. Da vez passada, boa parte de nós tivemos conhecimento apenas no dia”, explicou Rosinha.

O evento também deve receber figuras importantes do PT, como a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido, o senador Roberto Requião (PMDB), João Pedro Stedile e Vagner Freitas, coordenadores do MST e da CUT, respectivamente, além de lideranças locais dos movimentos sociais.

Mudança de conjuntura e de estratégia

Os representantes do PT entendem que houve uma mudança de conjuntura e da estratégia do partido para não organizarem um evento de massa, como o ocorrido em maio. “O objetivo é a solidariedade e a luta pela democracia, mas queremos demonstrar que condenamos a atual política do governo e somos solidários ao que, nós do PT, entendemos como uma perseguição política ao presidente Lula”, explica Rosinha.

De acordo com Rosinha, a prioridade do PT hoje é a organização das caravanas, como a recentemente realizada pelo ex-presidente no Nordeste e uma programada para a região Sudeste ainda neste ano, provavelmente em outubro. Por esse motivo, o próprio fortalecimento do evento, com a maior presença de pessoas de fora do Paraná, não está sendo incentivado --a reunião é tratada como um “debate”.

Na programação, estão previstas atividades culturais e políticas, como uma aula pública a respeito dos métodos usados pela Lava Jato, ministrada pelo ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, que tem postura crítica ao modus operandi da Lava Jato, com o uso de prisões preventivas, conduções coercitivas, entre outras estratégias.

Também será lançado o livro “Comentários a uma sentença anunciada: o processo Lula”, que apresenta argumentos técnicos relativos à primeira sentença de Sergio Moro contra o ex-presidente.

Cansaço da militância

Segundo a comitiva do PT, o excesso de denúncias contra o ex-presidente e as representações --como a de ontem, na Operação Zelotes-- acontecem próximos a atos políticos considerados relevantes, como o depoimento desta quarta-feira. Essa “estratégia”, porém, não afeta a militância. “Objetivo é nos levar à fadiga. Eles nos conhecem, somos difíceis. Não nos cansam fácil e não nos cansarão”, promete Rosinha.

Em função do forte apelo trazido pelo depoimento e do aparato de segurança destacado, o PT informou que orienta os militantes para que não respondam a possíveis provocações.

“Estamos vivendo um momento de não normalidade. Me parece que há um clima de torcida organizada na política, o que é muito ruim. Mas esperamos que tudo corra normalmente”, analisou Tadeu Veneri, deputado estadual pelo PT.