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Palocci mentiu e Justiça persegue o PT, diz Padilha

Adriano Vizoni/Folhapress
Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

13/09/2017 11h57

Horas antes do início do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz federal Sergio Moro, o vice-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Alexandre Padilha, disse nessa quarta-feira (13) que a Justiça persegue o PT, que o ex-ministro Antônio Palocci (PT) mentiu em depoimento e que a Operação Lava Jato está afetando a atividade econômica do país.

“Os corruptos devem ser punidos, mas a atividade econômica e os empregos precisam ser preservados”, afirmou Padilha durante entrevista coletiva.

Em tom duro contra Moro, ao qual se referiu como o “juiz de Curitiba”, o petista disse que é preciso preservar o emprego do brasileiro. “Não somos contra o combate à corrupção, contra a punição dos responsáveis, mas devemos preservar os empregos", reforçou.

De acordo com Padilha, a Justiça está tentando interferir no processo político brasileiro, seguindo a linha da defesa de que o partido e o ex-presidente estão sendo perseguidos pelo Judiciário.

“A Justiça tem uma postura seletiva. Contra o PT, não há necessidade de provas, o que não acontece com outros partidos. Lula é o único político capaz de estar próximo do povo”, afirmou.

O ex-ministro afirmou ainda que houve uma mudança de contexto entre o primeiro depoimento de Lula, realizado em maio, e o de hoje. “Quem tem que se explicar é o Judiciário e o MPF [Ministério Público Federal] sobre o mau uso das delações”, declarou.

Sobre o depoimento dado na semana passada por Palocci, que afirmou que havia um "pacto de sangue" entre o PT e a Odebrecht que incluía um "pacote de propinas" de R$ 300 milhões para o partido e Lula, Padilha disse que o colega petista mentiu. “O Palocci mentiu. Se alguém achava que ele tinha uma bala de prata, era de festim, de mentira. Ele não trouxe novas evidências", afirmou.

O ex-ministro não descartou que Palocci seja expulso dos quadros do PT. “Nós [do PT] não temos atos sumários, mas uma postura aberta. Se algum integrante do partido abrir um procedimento contra ele, sou a favor que todos os processos internos sejam feitos para essa avaliação, inclusive ouvir o Palocci pelos meios viáveis", disse.

Segundo Padilha, Lula está tranquilo e vai prestar todos os esclarecimentos a Moro, mas que não fugirá de um possível “embate político”.

“Quem dita o depoimento é a Justiça, que está politizando o debate com atos de perseguição política”, afirmou. “Se os depoimentos continuarem sendo um palco político, nós faremos um palco político do outro lado.”

O PT aproveitou a entrevista para reforçar o que definem como “agenda positiva” da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, que foi iniciada com a caravana realizada recentemente pelo Nordeste.

“O PT não costuma ter consenso sobre nada, só que Lula é o nosso plano A e Z para a Presidência da República. A Justiça não vai querer cometer a fraude eleitoral de tirar o presidente da eleição de 2018”, afirmou.