Garotinho é chamado de "guerreiro" e "ladrão" no 1º dia de prisão domiciliar
O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) foi alvo nesta quinta-feira (14), dia seguinte à sua prisão domiciliar em Campos dos Goytacazes, de manifestações de apoio e de protesto na porta de sua casa no bairro da Lapa, no município sul fluminense.
Com cartazes e palavras de ordem --"do povo brasileiro, Garotinho o guerreiro"--, cerca de 40 apoiadores participaram por volta das 12h de manifestação na frente da residência, que é toda rosa. No intenso movimento de pedestres e carros na rua em que mora e se encontra detido, houve também quem gritasse "ladrão", entre outras críticas, e comemorasse a prisão domiciliar.
Garotinho foi condenado em 1ª instância na Justiça Eleitoral por compra de votos em Campos dos Goytacazes, berço político da família. Na decisão, o juiz da 100ª Zona Eleitoral, Ralph Manhães, defendeu que a prisão domiciliar se faz necessária porque há fortes indícios de que o ex-chefe do Executivo fluminense e outros investigados seguem cometendo crimes, como ameaça a testemunhas e destruição de provas.
A mulher dele, a também ex-governadora do Rio Rosinha Garotinho, criticou nesta quinta a decisão judicial, executada por agentes da Polícia Federal enquanto o marido apresentava seu programa matinal na "Rádio Tupi", na sede da emissora, em São Cristóvão, zona norte carioca. Para ela, "é muita gente poderosa querendo destruir o Garotinho e a carreira política dele".
"Se Sérgio Cabral está preso com a gangue dele, foi porque o Garotinho foi voz única a denunciar tudo isso", disse ela, citando que o marido revelou em seu blog a foto que ficou conhecida como "farra dos guardanapos" --registro em que Cabral e aliados participam de comemoração em jantar em Paris.
Questionada sobre o primeiro dia de prisão domiciliar, Rosinha disse que Garotinho está "indignado, triste e quieto, mas tranquilo". Rosinha disse que aguarda o resultado de recursos que foram impetrados no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A ex-governadora, que agradeceu o apoio na porta de sua casa, também definiu a prisão domiciliar como "história inventada", "perseguição", "retaliação" e "revanche".
"É uma tremenda perseguição contra o Garotinho, que sempre denunciou coisas erradas em nosso Estado. Querem calar a boca dele agindo desta forma", disse Laura Oliveira, uma das participantes do ato.
O advogado Carlos Azeredo negou as acusações contra o ex-governador e atribuiu nesta quinta-feira a restrição de liberdade ao interesse de Garotinho em se candidatar ao governo do Rio nas eleições do ano que vem. "Tiraram um jornalista do ar sem necessidade. É uma violência forte com um repórter, mas principalmente com os ouvintes." Para Azeredo, os agentes da PF poderiam ter esperado o fim do programa. "Tenho quase certeza que essa decisão tem viés político", acusou.
Tornozeleiras eletrônicas
Garotinho cumprirá prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica e ficará impedido de usar telefone celular e ter contato com quaisquer pessoas que não sejam advogados ou familiares.
Na mesma decisão, Garotinho foi condenado, em primeira instância, à prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção eleitoral, associação criminosa e supressão de documentos públicos. A sentença, porém, ainda precisa ser confirmada em segunda instância para que a pena possa ser aplicada.
As irregularidades ocorreram, de acordo com a Justiça Eleitoral, durante o governo de Rosinha à frente da prefeitura local. A investigação teve início no ano passado, quando a PF realizou a Operação Chequinho. Na ocasião, Garotinho chegou a ser detido preventivamente, mas depois obteve habeas corpus no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Após receber voz de prisão, em novembro de 2016, o político passou mal e foi internado no hospital municipal Souza Aguiar, na zona portuária do Rio. Um dia depois, a Justiça autorizou a transferência dele para o sistema prisional. Ele resistiu, mas foi levado mesmo assim.
A denúncia narra que o ex-governador e outros investigados utilizaram um programa social, conhecido como Cheque Cidadão, para obter vantagens políticas e angariar votos dos beneficiários, que são pessoas de baixa renda. O objetivo seria garantir a eleição, em 2016, de candidatos apoiados pelo grupo supostamente liderado pelo ex-chefe do Executivo fluminense.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.