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STJ autoriza inquérito para investigar doações da Odebrecht a Pezão

Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Estado do Rio de Janeiro - André Horta/Fotoarena/Agência O Globo
Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Estado do Rio de Janeiro Imagem: André Horta/Fotoarena/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

14/09/2017 18h11Atualizada em 14/09/2017 18h56

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizou nesta quinta-feira (14) abertura de inquérito para investigar doações de campanha feitas pela Odebrecht ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na eleição de 2014. O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

De acordo com o STJ, a solicitação tem como base os depoimentos dos executivos da construtora no âmbito dos acordos de delação premiada que revelam atos de corrupção envolvendo agentes públicos.

O MPF (Ministério Público Federal) narra que o chefe do Executivo fluminense teria recebido valores indevidamente para utilizar na campanha eleitoral de outubro de 2014, quando foi reeleito para o governo do Estado --ele assumiu naquele mesmo, meses antes do pleito, após renúncia de Sérgio Cabral (PMDB), de quem era vice.

Em sua decisão, o ministro Luis Felipe Salomão destacou que o relato apresentado pelo MPF aponta, em tese, “a existência de fundamentos suficientes para a prática de conduta típica”, sendo necessária a investigação do caso.

Se comprovadas as irregularidades, Pezão poderá futuramente ser denunciado à Justiça pelo crime de corrupção passiva. O caso é de competência do STJ porque o político, na condição de governador de Estado, tem foro privilegiado.

Conexão com a Lava Jato

Salomão requisitou do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) documentos referentes à prestação de contas da campanha do peemedebista em 2014, além de solicitar à 7ª Vara Federal Criminal (RJ) e à 13ª Vara Federal Criminal (PR), responsáveis pela Operação Lava Jato, o compartilhamento de dados e documentos.

Segundo ele, há precedentes do próprio STJ que autorizam a abertura de inquérito com base em "elementos indiciários mínimos", porém capazes de justificar a investigação a fim de apurar a materialidade e autoria de eventuais crimes.

O ministro decretou ainda segredo de Justiça, isto é, os autos do processo só serão disponibilizados às partes envolvidas.

Ao UOL, a assessoria de comunicação do governo do RJ informou que "Pezão reafirma, mais uma vez, que nunca recebeu recursos ilícitos e jamais teve conta no exterior". "As doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça eleitoral."

Mais de R$ 20 milhões

No acordo de delação firmado com a PGR (Procuradoria-Geral da República), o ex-executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa Júnior, o BJ, disse que Cabral negociou com a empreiteira mais de R$ 20 milhões, via caixa dois, para a campanha de Pezão ao governo do Rio em 2014.

De acordo com BJ, o montante faz parte do total de R$ 120 milhões que a empresa teria repassado ilegalmente a Cabral e a Pezão desde 2006.