Topo

Novo corregedor da Alerj é presidente da Mangueira e já foi investigado por quebra de decoro

Deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PTN) - Divulgação
Deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PTN) Imagem: Divulgação

Do UOL, no Rio

20/09/2017 18h31

O deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PTN) foi eleito nesta quarta-feira (20) corregedor parlamentar da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). O parlamentar, o único a se candidatar ao cargo, angariou 44 votos --cinco deputados votaram contra e dois se abstiveram.

O parlamentar será o responsável por abrir investigações e presidir eventuais inquéritos contra os demais políticos da Casa. Também caberá a ele a supervisão sobre as normas internas de segurança do Legislativo fluminense. Para ser eleito, o candidato precisava ter ao menos a metade mais um dos votos dos parlamentares presentes na sessão --o quórum mínimo era de 36 deputados.

Para a vaga de corregedor substituto também havia apenas um candidato. Iranildo Campos (PSD) foi eleito nesta quarta: 45 votos sim, 5 não e 2 abstenções.

Atual presidente da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, Chiquinho já foi investigado por quebra de decoro e teve o pedido de cassação de seu mandato arquivado.

Em 2003, a corregedoria da Casa recebeu um pedido de instauração de processo de cassação contra o parlamentar, que foi arquivado pela Mesa Diretora da Alerj.

 

Ele foi acusado de quebra de decoro parlamentar após o ex-comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (São Cristóvão) e hoje secretário estadual de Administração Penitenciária, Erir da Costa Filho, dizer que Chiquinho pediu a redução do policiamento no morro da Mangueira, na zona norte carioca. Segundo Erir, Chiquinho pretendia proteger os negócios dos traficantes locais.

O relatório com as informações foi elaborado pela Comissão de Segurança Pública da Alerj. Na época, Chiquinho era deputado licenciado e secretário estadual de Esportes.

Em entrevista ao UOL, na semana passada, o parlamentar minimizou o ocorrido.

"Sempre defendi que a PM não fizesse operações em horário de entrada e saída de crianças das escolas. Apenas isso. Nesta época, a Comissão de Segurança da Casa chegou a fazer um levantamento, a meu pedido, para ver se tinha fundamento ou não a denúncia, se o coronel tinha alguma coisa gravada, se tinha testemunha, se algum comandante dele ouviu alguma coisa", disse o deputado, que destacou estar apto para ocupar o cargo.

Apesar de a Comissão de Segurança concluir pela quebra de decoro de Chiquinho da Mangueira, a Mesa Diretora arquivou por unanimidade (11 votos a zero) o pedido de cassação.

No documento que pedia a cassação do deputado, agentes penitenciários relataram que o então secretário realizou visitas aos traficantes Alexander Mendes da Silva, o Polegar, e Francisco Testas Monteiro, o Tuchinha, no presídio Bangu 3, na zona oeste. Na ocasião, Chiquinho da Mangueira alegou que as visitas ocorreram em função de um projeto de ressocialização de presos.

Formado em Educação Física, Chiquinho da Mangueira foi presidente da Suderj (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro) no período de 1999 a 2006. 

Em 2002, ele assumiu pela primeira vez o cargo de deputado estadual, sendo eleito outras três vezes para a função. Na última candidatura, o deputado acumulou 27.182 votos.

Chiquinho da Mangueira foi também secretário estadual de Esporte e Lazer do RJ, de 2002 a 2006, e secretário municipal de Esporte e Lazer do Rio, de 2009 a 2010. O parlamentar foi responsável pelo programa Vila Olímpica da Mangueira.