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Ao defender Temer na CCJ, deputado do PMDB chama Janot de "pinguço"

Maluf diz que Janot fez terrorismo com denúncia

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

17/10/2017 22h19Atualizada em 17/10/2017 22h41

Durante sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) desta terça-feira (17) na Câmara dos Deputados, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) se referiu ao ex-procurador-Geral da República Rodrigo Janot como “pinguço”, por duas vezes.

Os deputados discutiam havia quase 12 horas o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), por tentativa de obstrução à Justiça e organização criminosa. A segunda denúncia contra Temer foi apresentada por Janot pouco antes de ele deixar o cargo, em setembro.

“Quem merece crédito? O pinguço pego no porão de uma distribuidora de bebidas tomando um trago de 'canha' com um advogado ou o presidente da República que contra ele não há nada absolutamente provado”, disse o deputado, que falou pela liderança de governo.

Rodrigo Janot e Pierpaolo Bottini, advogado de Joesley, encontram-se em boteco em Brasília - Reprodução/"O Antagonista" - Reprodução/"O Antagonista"
Rodrigo Janot e Pierpaolo Bottini, advogado de Joesley, encontram-se em boteco em Brasília
Imagem: Reprodução/"O Antagonista"

Moreira fez referência à divulgação da foto do ex-procurador em um bar com o advogado Pierpaolo Bottini, que defende Joesley Batista, da JBS, tirada em 10 de setembro. Poucos dias antes, Janot havia anunciado uma investigação para apurar possíveis irregularidades nas delações dos executivos da JBS. Janot tratou o caso, na época, como um encontro casual. 

O peemedebista também criticou o acordo da PGR com Joesley Batista. O deputado se referiu principalmente às vantagens que haviam sido garantidas ao delator em acordo de colaboração. Um dos implicados no caso foi o presidente Temer, que foi defendido pelo deputado.

Ele se referiu à primeira denúncia contra Temer como uma “chanchada novelesca mexicana” e afirmou: “Qual é o crime que o senhor Michel Temer praticou durante o mandato? Uma delação mentirosa?”, disse.

CCJ registra vários ataques contra Janot

Os ataques ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, por governistas, e as citações às delações de Joesley Batista e Lúcio Funaro, por oposicionistas, marcaram nesta terça-feira (17) os debates na CCJ. 

Além da acusação do deputado Alceu Moreira, outra declaração dura contra Janot partiu de Paulo Maluf (PP-SP). Para o deputado, o ex-procurador-geral fez "terrorismo" contra a economia brasileira ao pedir a abertura de nova investigação contra o peemedebista. "O mal que ele fez à economia com acusações falsas, acho que não paga, porque isso não volta", disse.

Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos principais aliados de Temer na Câmara, chegou a falar em uma "ditadura de procuradores" que se associam a "bandidos do nível" do corretor de valores Lúcio Funaro, cuja delação traz graves acusações contra o presidente e aliados do PMDB.

Segundo Cristiane Brasil (PTB-RJ), Janot escreveu "laudas e laudas de conversa fiada, com provas ineptas", enquanto Hildo Rocha (PMDB-MA) disse que a denúncia é uma "imitação barata" de "Dom Casmurro", clássico da literatura escrito por Machado de Assis, fruto de uma "obsessão doentia" do ex-procurador-geral para tirar o presidente do cargo.

"No final, nós não sabemos se de fato houve a traição da Capitu ou não. Restam mais dúvidas ao concluir a leitura do que certezas. Assim é essa denúncia", disse Rocha. 

Também houve o discurso, já utilizado durante a tramitação da primeira denúncia contra Temer, de que o Brasil "não suporta mais" outra crise política e o presidente deve ter estabilidade para terminar o mandato, como defendeu Mauro Pereira (PMDB-RS). Nelson Marquezelli (PTB-SP) chegou a ler, um por um, todos os indicadores econômicos positivos de uma tabela presente em uma carta enviada por Temer a deputados ontem.