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Torquato diz que reações de cúpula de segurança no Rio são "normais"

Torquato declarou que Pezão e o secretário de Segurança não controlam a PM - Renato Costa/Folhapress
Torquato declarou que Pezão e o secretário de Segurança não controlam a PM Imagem: Renato Costa/Folhapress

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

01/11/2017 10h46

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou nesta quarta-feira (1) que já esperava as reações duras da alta cúpula de segurança do Rio de Janeiro quanto às suas declarações ao blog do jornalista Josias de Souza, do UOL, de que o comando da Polícia Militar no Estado decorre de “acerto de deputado estadual e o crime organizado”. O ministro também disse que elas foram “normais, tranquilo”.

“[As reações foram] Normais, são normais. Tranquilo. As pessoas reagiram como reagiram mesmo”, declarou, ao ser questionado pelo UOL. “Já, já esperava.”

Torquato participou de reunião na manhã desta quarta com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, e o ministro da Educação, Mendonça Filho, no tribunal para tratar de iniciativas socio-educativas para jovens apreendidos.

Na terça, reportagem do UOL mostrou que as declarações de Torquato causaram alvoroço entre os oficiais da PM. Um grupo de descontentes com as críticas do ministro se dirigiu ao quartel-general da corporação, no centro do Rio, para exigir uma resposta firme do comandante-geral, coronel Wolney Dias. Alguns, conforme a reportagem apurou, ameaçaram até entregar os postos.

Torquato declarou que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, não controlam a Polícia Militar. O ministro ainda acrescentou que "comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio".

Tanto o governador quanto o secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, só se manifestaram, por meio de nota, por volta das 12h30.

Pezão declarou que "o governo do Estado e o comando da Polícia Militar não negociam com criminosos". Segundo o governador, as escolhas de comandos de batalhões e delegacias fluminenses são decisões técnicas. Ele ainda afirmou que jamais recebeu pedidos de deputados para tais cargos.

Também acusou o ministro de nunca tê-lo procurado para tratar das críticas.

Já Sá se disse “indignado” com as afirmações e reafirmou que as investigações indicam que o tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira, que comandava o 3º BPM (Méier), foi vítima de tentativa de assalto. O oficial foi atacado a tiros em uma rua do Méier, bairro da zona norte carioca.

Torquato se disse convencido de que o assassinato do comandante do batalhão não foi resultado de um assalto. ''Esse coronel que foi executado e ninguém me convence que não foi acerto de contas."

O ministro relatou ter conversado sobre o assunto com Pezão e Sá. Encontrou-os na última sexta-feira (27), em Rio Branco (AC), numa reunião com governadores de vários Estados. "Eu cobrei do Roberto Sá e do Pezão", relatou Torquato.

Procurado pelo UOL, o comando da PM afirmou que não ocorreu nenhuma movimentação de oficiais no quartel-general da corporação até a noite de terça.