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Sem citar Doria, prova questiona irregularidade de prefeito que "atrai recursos privados"

24.jun.2017 - João Doria e Geraldo Alckmin durante evento do PSDB em São Paulo - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
24.jun.2017 - João Doria e Geraldo Alckmin durante evento do PSDB em São Paulo Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

17/11/2017 15h28Atualizada em 17/11/2017 19h16

Aplicada no último domingo (12), uma prova do governo do Estado de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), que seleciona servidores públicos trouxe uma questão polêmica que parece fazer duras críticas à gestão de João Doria (PSDB) à frente da Prefeitura de São Paulo. A prova foi elaborada pela Fundação Vunesp (Fundação para o Vestibular da Unesp) em parceria com o Estado.

A questão 41 do caderno de "Noções de Administração Pública" ilustra um prefeito recém-empossado que não entende de administração pública e questiona supostas irregularidades em parcerias com empresas privadas. A informação foi publicada pelo site Rede Brasil Atual.

"O prefeito recém-eleito da cidade de Mil Maravilhas, pessoa muito popular, mas pouco habituada com a gestão pública, tomou a decisão de atrair recursos privados para seus projetos, da mesma forma como fazia com suas empresas privadas", diz o trecho. "Apenas o grupo de amigos empresários do prefeito investiu nos recursos, mesmo porque esse foi um assunto tratado no âmbito privado do gabinete do prefeito."

questão Doria - Reprodução/Rede Brasil Atual - Reprodução/Rede Brasil Atual
Questão de prova da Vunesp que seleciona servidores públicos para o Estado
Imagem: Reprodução/Rede Brasil Atual

Na sequência, a questão perguntava: "Muito embora não houvesse má-fé entre o prefeito e os empresários locais, quais princípios da Administração Pública foram desrespeitados por esse prefeito?".

Segundo o gabarito oficial, a alternativa "c" era a correta, a qual dizia ser "Impessoalidade, na medida em que favoreceu seus amigos empresários; E Publicidade, pois não se divulgou a proposta de busca de recursos privados de maneira ampla, acessível e transparente".

Disputando um cargo público pela primeira vez e sendo eleito ainda no primeiro turno com o slogan de "gestor", desde que assumiu, Doria tem divulgado diversas parcerias com empresas privadas, inclusive recebendo doações.

Ao longo do ano, João Doria e Geraldo Alckmin disputaram nos bastidores do partido por uma indicação para disputar a Presidência em 2018. No último dia 12, inclusive, o secretário de Desenvolvimento Social de São Paulo, Floriano Pesaro, aliado de Alckmin, afirmou que "Doria não será candidato à Presidência. Geraldo Alckmin é o mais preparado para governar o Brasil".

Outro lado

Por telefone, a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo afirmou que a questão da prova não tem nenhuma relação com o prefeito João Doria e que todas as colaborações e parcerias com empresas privadas são disponibilizadas para o acesso da população.

"A questão não pode se referir ao prefeito porque todas as parcerias são publicadas no Diário Oficial e divulgadas pelas redes sociais e imprensa, isso permite que todos participem já que tudo está disponível para consulta. A prefeitura de São Paulo não se enquadrada no que diz a questão", afirmou.

Procurada pela reportagem durante toda a tarde, a Vunesp enviou nota às 19h05 dizendo que a questão da prova não é uma crítica ao prefeito João Doria, mas "exatamente o oposto".

"Até onde nos é dado conhecer, o Prefeito Doria jamais deixou de revelar seu propósito de buscar parcerias privadas para o fortalecimento de projetos para a gestão pública. Nesse sentido, a situação criada na questão apresentada na prova da SGPU1701 vai na direção oposta à linha de atuação do Prefeito de São Paulo", diz o comunicado, que também argumenta: "Também não é desconhecido que a busca de parcerias pelo Prefeito Doria não se limita a empresas locais conforme descreve a questão 41, da supra citada prova. Por exemplo, a recente interlocução com os Emirados Árabes, também divulgada amplamente, escapa em absoluto, do caráter local que se identifica na questão proposta na prova".

Por fim, a nota diz que "não há como nem por que atrelar à figura pública do Prefeito de São Paulo, tampouco às características da sua gestão, a situação proposta na Questão 41 da prova SGPU1701".

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