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Faltou "decência de dizer que não tenho esses R$ 24 mi", diz Lula sobre bloqueio de bens

O ex-presidente Lula participou do 14º Congresso do PCdoB, em Brasília - Fátima Meira/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Lula participou do 14º Congresso do PCdoB, em Brasília Imagem: Fátima Meira/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

19/11/2017 14h13

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste domingo (19), em Brasília, a ação do MPF-DF (Ministério Público Federal no Distrito Federal) que pediu o bloqueio de mais de R$ 24 milhões em bens e valores dele e de um de seus filhos.

O pedido foi feito à Justiça pelo procurador Hebert Reis Mesquita no último dia 27 de outubro – mesmo dia em que o petista completou 72 anos – em processo da Operação Zelotes, no qual o ex-presidente é acusado dos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A defesa do ex-presidente nega as acusações.

“Agora mesmo um cidadão apresentou um pedido de bloqueio de R$ 24 milhões meus. Mas ele não teve a decência de dizer que eu não tenho esses R$ 24 milhões”, disse o ex-presidente em discurso feito no 14º Congresso do PCdoB, na capital federal.

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Mesquita pediu o bloqueio referente a R$ 21,4 milhões em bens e valores do ex-presidente e de outros R$ 2,5 milhões de seu filho Luís Cláudio Lula da Silva. Semana passada, quando a solicitação veio a público, revelada pela revista Época, a defesa do petista já havia negado que ele tivesse esse patrimônio, mas afirmou que os bens dele têm “origem legal, registrada e rastreada” e já se encontram bloqueados por decisão do juiz federal Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato.

Os advogados se referiram ao bloqueio determinado por Moro, em julho passado, de três imóveis, um terreno, dois automóveis e contas bancárias do ex-presidente. No total, Moro sequestrou, entre contas e planos de previdência, quase R$ 10 milhões de Lula.

"Eu nunca vi tanto deputado reacionário", observa petista

No congresso do PCdoB, sigla aliada do PT há mais de três décadas, Lula ainda sugeriu que “todo partido tem o direito de ter um candidato” –referência ao fato de os comunistas terem definido a deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D´Ávila, 36, como pré-candidata à Presidência.

“Hoje eu encontro o PCdoB com uma pré-candidata à Presidência da República, nossa querida Manuela. E eu sou o primeiro a achar que todo partido político tem o direito de ter um candidato”, disse.

“Não posso dizer nunca a nenhuma pessoa que queira ser candidato a presidente que não seja, e por uma razão muito simples: é um direito de todo partido querer ser candidato e de as pessoas se colocarem à disposição. Se não fosse a minha teimosia, e a do PT, eu nunca teria chegado à Presidência”, declarou.

Lula sugeriu ainda que os partidos de esquerda, mesmo que não unificados em torno de uma única candidatura, precisam se unir para o pleito de 2018. Na avaliação do petista, é esse o instrumento para evitar o que ele chamou de “desmonte” do Estado.

“Nós éramos contra o golpe e ele aconteceu. Éramos contra a reforma trabalhista, e ela aconteceu. Somos contra a reforma da Previdência, e ela pode acontecer. A fraqueza deste governo faz com que ele se submeta aos caprichos do mercado, e o Congresso aprove medidas contra os trabalhadores”, afirmou o petista.

“Eu nunca vi tanto deputado reacionário, e se a gente não tomar cuidado, vai piorar na próxima eleição. Então é importante que nós dos partidos de esquerda temos que pensar o que vamos fazer”, pediu. “A urna não pode receber ordem, tem que receber voto, tem que botar [na urna] esperança, e não raiva de 2014”.

Segundo o último Datafolha, Lula lidera a corrida presidencial. O petista foi condenado pelo juiz Sergio Moro em primeira instância pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso tríplex do Guarujá (SP). Sua presença na disputa eleitoral é incerta. Se for condenado em segunda instância, Lula pode ficar inelegível.