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Moro ordena transferência de Bendine para garantir segurança de suposto operador

Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil - Reprodução/Justiça Federal do Paraná
Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Imagem: Reprodução/Justiça Federal do Paraná

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

22/11/2017 19h55

O juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, ordenou nesta quarta-feira (22) que Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, seja transferido de presídio para garantir a segurança do publicitário André Gustavo Vieira da Silva. Ele é acusado de ter atuado como operador de uma propina paga a Bendine pela Odebrecht.

Bendine e André Gustavo estão presos preventivamente na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde o fim de julho. Agora, o ex-presidente da Petrobras vai para o Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana da capital paranaense, a partir do dia 27 deste mês.

Moro justifica a decisão alegando a necessidade de manter Bendine separado, "por motivos de segurança, do acusado André Gustavo Vieira da Silva". O juiz também ordena que os responsáveis pela carceragem da PF mantenham "ambos em celas separadas e distantes, com proibição de contato entre eles".

"Registro, por oportuno, que foi também determinado ao próprio acusado Aldemir Bendine que não se aproxime do acusado André Gustavo e que com ele não fale", diz o juiz.

Em agosto, Moro chegou a ordenar a transferência de Bendine para a prisão de Pinhais, depois de a Polícia Federal pedir que o réu não fosse mantido na mesma carceragem de um delator que contribuiu para a investigação do caso. No entanto, o juiz suspendeu a medida dias depois, após solicitação da defesa do ex-presidente da Petrobras.

Bendine fica em silêncio

Hoje, Bendine e André Gustavo prestaram depoimento a Moro como réus do processo. Enquanto Bendine optou por ficar em silêncio, André Gustavo afirmou ter repassado R$ 950 mil em propina ao ex-presidente da Petrobras.

O depoimento de André Gustavo foi citado por Alberto Toron, advogado de Bendine, como um dos motivos para ter orientado seu cliente a ficar em silêncio. Bendine, por sua vez, se limitou a confirmar que não responderia nenhuma pergunta e afirmou estar sendo vítima de um complô.

"Meritíssimo, eu estava ansioso, depois desse pesadelo de quase sete meses, de ter a oportunidade de pela primeira vez me manifestar. Entretanto, eu estou percebendo que estou sendo vítima de um grande complô, uma série de mentiras e de pessoas que criam mentiras para comprar a liberdade", disse Bendine ao juiz Sergio Moro, que conduzia a audiência.

O ex-presidente da Petrobras disse então que preferia "manter sua verdade" e "usar a lei do silêncio", mesmo que pudesse "continuar conversas com o Ministério Público ou com a Polícia Federal", mas que não iria se pronunciar no processo em questão.

Entenda o caso

As investigações da PF apontam que Bendine e pessoas ligadas a ele teriam solicitado vantagem indevida, em razão dos cargos exercidos, para que a Odebrecht não viesse a ser prejudicada em futuras contratações da Petrobras. Em troca, o grupo empresarial teria efetuado o pagamento de ao menos R$ 3 milhões, em espécie. Ainda de acordo com a PF, os pagamentos só foram interrompidos depois da prisão de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo Odebrecht, em junho de 2015.

Bendine esteve à frente do Banco do Brasil entre abril de 2009 e fevereiro de 2015, quando deixou o banco para assumir a presidência da Petrobras. O executivo renunciou ao cargo de presidente-executivo da Petrobras em carta enviada ao Conselho de Administração em maio de 2016.

Segundo o MPF-PR, há evidências indicando que um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi feito por Bendine na época em que era presidente do Banco do Brasil para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht Agroindustrial. 

Além disso, há provas apontando que, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, Bendine voltou a solicitar propina a executivos da Odebrecht para que a empresa não fosse prejudicada em contratos com a petroleira. Delatores indicam que, desta vez, a Odebrecht aceitou pagar a propina de R$ 3 milhões, com a atuação do doleiro Álvaro Novis.