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Professor da Uerj cria saia justa em caravana por criticar indicações de Lula ao STF

Sete dos atuais 11 ministros do STF foram indicados por Lula ou Dilma Rousseff - RENATO COSTA /FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Sete dos atuais 11 ministros do STF foram indicados por Lula ou Dilma Rousseff Imagem: RENATO COSTA /FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

08/12/2017 22h11Atualizada em 09/12/2017 05h38

O último ato da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Rio de Janeiro teve, provavelmente, o momento de maior saia justa desde que o petista iniciou seu tour pelo Estado, na última terça-feira (5). Nesta sexta (8), minutos antes de Lula discursar na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), um dos muitos oradores do evento fez uma crítica a ele e à ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pela atual configuração do STF (Supremo Tribunal Federal).

“Lula foi de uma infelicidade enorme ao escolher esses ministros, dois aqui da casa inclusive”, disse o professor de Direito Afrânio Silva Jardim, que estava ao lado de Lula no palco.

Leia mais sobre a caravana:

Os ministros Luiz Fux e Luis Roberto Barroso foram professores da Uerj e ambos chegaram à corte máxima do país por indicação da então presidente Dilma, em 2011 e 2013, respectivamente.

Além de Fux e Barroso, outros cinco ministros da atual composição do STF foram indicados nos governos petistas: Ricardo Lewandowski (2006), Cármen Lúcia (2006) e Dias Toffoli (2009), por Lula; e Rosa Weber (2011) e Edson Fachin (2015), por Dilma. Ao todo, o Supremo conta com 11 integrantes.

Afrânio, que chegou a ser vaiado, defendeu que a atual situação de crise política do país tem relação direta com a atuação dos ministros que, segundo ele, “pecaram por omissão”. “Hoje você ser legalista é ser revolucionário”.

"Estamos anestesiados"

O ex-presidente Lula encerrou nesta sexta-feira na Uerj, em sua única agenda na cidade do Rio, a caravana que promoveu pelos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Mais cedo, ele percorreu cidades da região metropolitana da capital.

Além de Lula, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-ministro Celso Amorim também acompanharam a caravana nesta sexta. Cerca de 2 mil pessoas participaram do evento nesta noite.

O ex-presidente começou a discursar às 21h50, mais de três horas após o horário anunciado. Mais uma vez, ele criticou as reformas feitas pelo governo de Michel Temer (PMDB) e comparou o atual momento a um pós operatório. “Parece que saímos de uma cirurgia e estamos anestesiados.”

Rouco, criticou a má situação da universidade. Assim como boa parte dos servidores fluminenses, os professores e demais trabalhadores da universidade ainda não receberam o 13º salário de 2016 e estão com três meses de salários atrasados.

“Ninguém pode chamar de radical alguém com dois 13ºs e quatro meses de salário atrasados que se recusa a trabalhar. Ninguém pode esperar até 2018 para que a situação melhore. A educação tem que se sempre prioridade fundamental”, disse.

Esta é a terceira caravana do petista pelo país neste ano - antes, ele passou por estados do Nordeste e por Minas Gerais. Lula é pré-candidato à Presidência da República e lidera as últimas pesquisas de intenção de voto para 2018. O ex-presidente, porém, foi condenado a 9 anos e meio de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, da Justiça do Paraná, e pode ter sua candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa caso a condenação seja confirmada na segunda instância.