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Pré-candidato à Presidência pelo PSDB é acusado de calote em Manaus

Arthur Virgílio Neto (ao centro) foi reeleito prefeito de Manaus em 2016 - Mário Oliveira/Reprodução site oficial
Arthur Virgílio Neto (ao centro) foi reeleito prefeito de Manaus em 2016 Imagem: Mário Oliveira/Reprodução site oficial

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

12/12/2017 17h17Atualizada em 12/12/2017 18h24

O pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB e prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, virou alvo de uma cobrança judicial pelo marqueteiro de sua campanha em 2016, o jornalista Marcos Martinelli, que o acusa de não pagar uma dívida de R$ 780 mil.

A ação movida pela empresa Via Mercosul Consultoria e Marketing, de Martinelli, tramita na 11º Vara Cível da justiça estadual do Amazonas. Com as correções pela inflação, o valor cobrado é de R$ 815.339,05.

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Martinelli afirmou que foi contrato pelo tucano em 2016 para trabalhar na campanha de reeleição à Prefeitura de Manaus. Pelo serviço, cobrou R$ 600 mil no primeiro turno e R$ 300 mil no segundo turno.

No final da campanha vitoriosa nas urnas, Martinelli disse que foi informado da dificuldade de quitação da dívida e acordou o parcelamento da mesma em 15 vezes de R$ 60 mil. Segundo o marqueteiro, apenas R$ 120 mil foram pagos no mês de março, e depois disso ele não recebeu nenhuma resposta sobre a quitação.

Martinelli afirmou ao UOL que se sentiu forçado a judicializar a cobrança porque teve que recorrer a empréstimos para pagar a equipe que trabalhou com ele pela reeleição de Arthur Virgílio.

“O Arthur Neto ficou devendo R$ 3 milhões após o fim da campanha. E não é só a minha dívida. Não é só o meu caso. Não há interlocutores para cobrar a dívida. Ninguém atende nem o telefone. Ele tem que dar uma resposta. Como pode um candidato à Presidência ser caloteiro?”, questionou.

O marqueteiro disse que não trabalhará mais para o tucano. “Ele não paga”, reclamou.

Arthur Virgílio já se declarou pré-candidato à Presidência e pretende disputar a vaga do PSDB no pleito de 2018 contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Contas aprovadas

A prestação de contas de Arthur Virgílio foi julgada e aprovada ainda em 2016. O prefeito declarou uma dívida de R$ 7,273 milhões e arrecadação de R$ 4,317 milhões, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O advogado do PSDB no Amazonas, Yuri Dantas Barroso, confirmou que a campanha de 2016 deixou uma dívida de cerca de R$ 3 milhões e disse que isso não é ilegal.

“Deixar dívida não é problema, desde que você faça uma nova ação. As contas são declaradas na sua prestação de contas, se você não paga tudo, você faz uma nova ação, indica o parcelamento da dívida e o cronograma de pagamento. Isso acontece em qualquer dívida de campanha”, disse o advogado.

Em nota, o PSDB-AM também confirmou as dívidas da campanha de 2016 e disse que, entre elas, há “pendências junto ao marketing da campanha”. A nota também admite que “algumas parcelas do acordo” de pagamento da dívida “estão abertas”.

O PSDB-AM disse que mantém “amplo diálogo com todos os seus fornecedores e colaboradores” e que o pagamento de todas as parcelas vencidas será feito neste mês de dezembro de 2017.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas, o PSDB-AM recebeu em 2017, em média, R$ 61.843 mil por mês de fundo partidário da executiva nacional da sigla e ainda não prestou conta dos repasses nos meses de novembro e dezembro de 2017.

Declaração de bens e nepotismo

Na semana passada, Arthur Virgílio Neto foi alvo de outras duas ações judiciais que questionavam: omissão de R$ 1,6 milhão na declaração de bens apresentada à justiça eleitoral também em 2016; e nepotismo na gestão dele na prefeitura de Manaus.

A primeira ação foi movida pelo Ministério Público Federal no Amazonas. O procurador Victor Riccely, que assina a denúncia, acusa o tucano de tentar se promover junto ao eleitorado com imagem de “uma pessoa que não veio à política para buscar enriquecimento” omitindo um patrimônio que representa 500% do que foi declarado à justiça eleitoral.

Arthur declarou, inicialmente, que possuía patrimônio de R$ 160.784,29 constituído por um imóvel no valor R$ 36 mil e aplicações bancárias. Posteriormente, veio a conhecimento público dois apartamentos em área nobre de Manaus registrados no nome do prefeito, estimados em R$ 1,6 milhão.

O prefeito de Manaus emitiu nota, na semana passada, informando que a apresentação da declaração de bens dele foi feita de forma equivocada e que ainda durante a campanha ele apresentou retificação com os dois apartamentos.

Na semana passada, a Prefeitura recebeu uma recomendação do Ministério Público do Amazonas que pede a exoneração da primeira-dama, Elisabeth Valeiko, do cargo de presidente do Fundo Social de Solidariedade. Para o Ministério Público, a primeira-dama, que é arquiteta, não reúne qualificação necessária para o cargo público.

A Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Manaus informou que recebeu a recomendação do MP-AM na sexta-feira (8), com um prazo de 15 dias para se posicionar sobre a questão, e disse que a Procuradoria-Geral do Município está analisando o caso.