É possível que ninguém defenda Temer nas eleições, diz governador do MDB
O governador de Rondônia, Confúcio Moura (MDB), disse ser possível que nenhum candidato a presidente defenda o governo de Michel Temer, seu correligionário, nas eleições de 2018. No entanto, Moura disse crer que o tempo servirá para registrar os "feitos" da atual administração.
"É possível que ninguém faça a defesa dele [Temer]. O tempo fará. Não dá para dizer nada agora, estamos no calor do fogo. Então não dá para fazer defesa do Temer [nas eleições], porque a população já está dizendo: ele está com 6% de aceitação, é baixíssimo. Mas o tempo, a história há de registrar os seus feitos."
Em entrevista ao UOL em São Paulo, o governador declarou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), pode vir a ser o candidato governista caso a recuperação da economia se consolide no ano que vem.
"Não digo que ele [Meirelles] vá ganhar a eleição, mas tem condição de apresentar uma proposta para o Brasil de continuidade de reformas e de um objetivo à vista", afirmou.
Na semana passada, o próprio Meirelles disse que Temer será um bom cabo eleitoral no ano que vem, mas "talvez não hoje".
Gastos públicos
Moura pode não criticar diretamente a gestão de Temer, mas se mostrou crítico à postura do governo federal em relação aos Estados sobre a questão dos gastos públicos.
O governo federal tem como meta fechar o ano com deficit de até R$ 159 bilhões, enquanto Estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul enfrentam rombos em suas finanças e estão atrasando pagamentos a servidores e aposentados. O governo fluminense já fechou um acordo de recuperação fiscal com a União, e o gaúcho caminha para fazer o mesmo. Uma lei sancionada em maio prevê que os Estados se comprometam com medidas de ajuste fiscal para receberem recursos federais.
Ao comentar a crise das finanças estaduais em diversas unidades da federação, disse que os governadores que conseguiram enxugar a máquina pública "estão com a água no nariz, respirando ainda". Mas, também afirmou ser necessário que o Brasil faça isso "para se viabilizar".
"O governo federal é extremamente perdulário, gastador obsessivo, que emite moeda a torto e a direito e não obedece a Lei de Responsabilidade Fiscal", afirmou.
Na prática, a crítica de alguns Estados à União aparece na forma de uma mobilização para diminuir a dependência do poder federal.
Rondônia faz parte de dois consórcios entre unidades da federação. Um deles, batizado como Consórcio Brasil Central, existe desde 2015 e abrange os Estados do Centro-Oeste, além de Rondônia, Tocantins e Maranhão. O outro, com os Estados da Amazônia Legal (todos os da Região Norte, mais Mato Grosso e Maranhão), deve ter início em março.
Segundo Moura, um dos objetivos dos consórcios é buscar empresários e fundos de investimento para se "fazer o que precisa", sem necessariamente passar pelo Tesouro Nacional, Ministério da Fazenda ou Congresso.
"Não dá para a gente encarar o sistema de credenciamento e aval da União para contração dos empréstimos para fazer ferrovia. E nem para fazer nada", disse. "A gente vive à mercê de portarias ministeriais."
Para o governador, a mobilização dos Estados não se trata de uma conspiração, mas uma "insurgência leve".
"O que nós queremos não é confronto. A Constituição é a Constituição. O que a gente vai buscar são conquistas em leis que muitas vezes prejudicam a Amazônia, prejudicam o Brasil Central."
Campanha eleitoral "imprevisível"
Apesar do tom crítico ao poder federal, Moura elogiou a sanção da lei que mudou as regras de regularização fundiária, feita em julho.
Para o governo federal, as mudanças podem permitir a entrega de quase 500 mil títulos de propriedade rural na Amazônia Legal. Já para organizações de defesa do meio ambiente, as novas regras promovem uma anistia para quem invadiu e desmatou terras públicas.
O governador afirmou que Rondônia é um dos Estados brasileiros onde há mais conflitos fundiários e disse ver na nova legislação uma chance de diminuir este problema.
"Com a legislação aprovada este ano no Congresso Nacional, já sancionada, nós temos condições, num futuro muito próximo, de regularizar as terras, distribuir documentos e diminuir os conflitos fundiários. E, com isso, reduzir o desmatamento", afirmou.
Governador eleito em 2010 e reeleito em 2014, Moura disse que está "vendo a direção do vento" para decidir se disputa um cargo em 2018 --seu nome vem sendo cotado para uma vaga no Senado. Para o emedebista, a campanha do ano que vem será atípica, sem marqueteiros e com menos tempo e dinheiro, marcada pelo duelo das ideias de "novo" e "velho".
"Ou você vota num forasteiro inesperado, salvador da pátria, ou você vota em um político menos ruim, pelo menos à vista do povo", disse. "Vai ser uma grande guerra nas redes sociais. Imprevisível."
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