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Justiça aceita mais três denúncias e Cabral se torna réu pela 20ª vez na Lava Jato

Jorge William/Agência O Globo
Imagem: Jorge William/Agência O Globo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

10/01/2018 19h24

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) se tornou réu em mais três processos derivados da Operação Calicute, um dos braços da Lava Jato no Estado. As denúncias feitas pelo Ministério Público Federal em dezembro foram aceitas nesta quarta-feira (10) pela juíza Caroline Vieira Figueiredo, substituta da 7ª Vara Federal Criminal.

Ao todo, Cabral já é réu em 20 processos envolvendo a Lava Jato, sendo 19 no Rio e um em Curitiba.

Além do ex-governador, também se tornaram réus os ex-secretários Hudson Braga (Obras), Régis Fichtner (Casa Civil), Wilson Carlos (Governo), os operadores Luiz Carlos Bezerra e Wagner Jordão, o empresário Georges Sadala e os dirigentes da empreiteira Oriente Alex Sardinha e Geraldo André de Miranda Santos.

Preso preventivamente desde novembro de 2016, Cabral já é condenado em quatro ações penais da Lava Jato. No total, o político foi sentenciado a 87 anos de prisão desde o primeiro julgamento.

As denúncias

Na ação que envolve a construtora Oriente, Cabral foi denunciado por corrupção passiva em torno de contratos celebrados com o governo do Estado, responsável por obras emergenciais em Araruama, Saquarema e Maricá, na Região dos Lagos, além da aplicação de asfalto em parte da chamada "Baixada Litorânea".

De acordo com a denúncia, ao menos entre 2010 e 2014, Cabral e Hudson Braga solicitaram propinas para facilitar os negócios da empresa com o Estado. No geral, os valores giram em torno de 1% do total dos contratos.

Ainda de acordo com os procuradores, foi encontrado um e-mail enviado por Sardinha a Jordão com o assunto "Cálculos" em que são mencionados expressamente valores de "O2" --a propina, de acordo com o MPF, é conhecida como taxa de oxigênio--, relacionando-os com contratos com o governo de que a Oriente fazia parte.

As outras duas denúncias envolvem o ex-secretário da Casa Civil Régis Fichtner e o empresário Georges Sadala. De acordo com as investigações, Sadala realizou ao menos sete vezes pagamentos de propina em espécie ao esquema comandado pelo ex-governador. Os repasses realizados entre 2009 a 2015 somaram R$ 1,33 milhão, sustenta a denúncia.

Já Fichtner é acusado pelo MPF de aceitar propina para dar “especial atenção para os interesses privados de empresários do setor da saúde, prestação de serviços de alimentação e limpeza, transporte público e construção civil”.

Procurada, a defesa do ex-governador ainda não se pronunciou. O UOL busca contato com os advogados dos outros denunciados. 

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